quinta-feira, junho 23, 2011

Xangô

Xangô usa a cor marrom em suas velas, roupas e objetos que também podem ter a cor amarela, cor de Iansã sua esposa ou ainda o vermelho.
Xangô bebe vinho tinto e cerveja preta. Suas comidas são a rabada, o carneiro, quiabo, acarajé, peixe de couro, camarão seco e fresco, pirão de peixe além de pimenta.
As ervas de Xangô são o manjericão, alecrim, quebra pedra, inhame, abacate e hortelã. Suas flores, palmas vermelhas e cravos brancos.
Xangô teria tido três esposas; as Orixás Oxum, Iansã e Obá, esta ultima cultuada somente no Candomblé.
Xangô usa um machado duplo chamado Oxê. Ele é o Orixá do fogo, do trovão e principalmente da justiça.
Está sempre na companhia de Iansã, sua esposa predileta, justamente a Orixá do raio e da tempestade.
Xangô tem a pedreira como sua morada, ele é o dono das pedras, tão duras quanto sua justiça. A Xangô são feitos pedidos de justiça, jurídica ou moral, mas sempre é salientado que Xangô só ajuda aqueles que são merecedores, pois seu senso de justiça é tão grande que sua ira ataca mesmo aquele que lhe pediu ajuda caso Xangô considere que o pedido feito seja para benefício próprio.
O leão que acompanha Xangô serve para mostrar que Xangô é um líder tão forte, destemido e respeitado quanto o leão no reino animal.
É chamado o Rei da Umbanda, até porque ele é o único Orixá que segundo histórias africanas foi Rei, e por isso usa coroa.
Xangô é velho, suas cantigas contam que morreu com a idade. Por isso nos curvamos para louvá-lo, por respeito a um Orixá de idade avançada. Talvez Xangô não seja tão velho como pensamos, mas a sabedoria está ligada à idade por isso sua representação seja do velho de cabelos brancos sentado numa pedra.

Xangô morreu na maior idade,
Morreu escrevendo em uma pedra.  (bis)
Ele escreveu a justiça,
quem deve paga quem merece recebe.  (bis)

Suas cantigas também contam que ele era muito leal e companheiro, e que escreveu um livro, o livro da Justiça. Coincidentemente, Xangô é sincretizado com São Jerônimo que na Teologia Católica foi quem traduziu a bíblia. O dia de São Jerônimo é 24 de junho.

Xangô é filho de aurora é,
Xangô é filhos de aurora.
Xangô era bom pai, bom filho e bom irmão,
Você brinca com Nagô mas com Xangô não brinca não.

Nas giras de Xangô, incorporamos espíritos que trabalham diretamente na energia e vibração de Orixá Xangô, que chamamos de mensageiros ou de Caboclos de Xangô. Eles podem se apresentar prostrados, levemente curvados ou eretos de acordo com a idade que o espírito apresenta. Podem também trazer nas mãos pequenas pedras que costumam bater uma contra a outra emitindo sons ou apenas como símbolos de sua força. Não é comum, mas um Caboclo de Xangô pode fumar quando incorporado ou ainda beber. Alguns permanecem calados, outros emitem sons ou brados. É possível que um mensageiro de Xangô jovem e robusto dance, mas é raro.
A saudação “Caô Cabieci” ou “Caô Cabiecilê” significam “Venham ver o Rei descer sobre a Terra” ou então “Salve o grande Rei”. Xangô é, ao lado de Ogum, Oxosse e Iemanjá um dos Orixás de mais fervoroso culto no Brasil, tendo milhares de casas dedicadas a ele.


Arquétipo de seus Filhos

O arquétipo de Xangô é aquele  das pessoas voluntariosas e enérgicas, altivas e conscientes de sua importância real e suposta. Das pessoas que podem ser grandes senhores, cortese, mas que não toleram a menor contradição, e, nesses  casos, deixam-se possuir por crises de cólera, violentas e incontroláveis. Das pessoas sensíveis ao charme do sexo oposto e que se conduzem contato e encanto do decurso das reuniões sociais, mas que podem perder o controle e ultrapassar o limite da decência. Enfim, o arquétipo de Xangô é aquele das pessoas possuem um elevado sentido da sua própria dignidade e das suas obrigações, o que as leva a se comportarem com um misto de severidade e de benevolência, segundo o humor do momento, mas sabendo guardar, geralmente, um profundo e constante sentimento de justiça. (Verger)*

Fator: equilibrador
No positivo: são passivos, racionais, meditativos e observadores, atentos, mas pouco falantes e geniais.
Negativo: são reclusos, calados, rancorosos, implacáveis em seus juízos, intratáveis.
Apreciam: a leitura, a musica, os discursos, a boa companhia, e a companhia de mulheres vivazes (vigorosas, vivas, ligeiras), aconchego do lar e a boa mesa, gostam de se vestir bem, mas com sobriedade.
Não apreciam: festas arrivistas, reuniões emotivas, companhias desequilibradas ou mulheres monótonas, apáticas, os egoístas e os soberbos.
Obs.: estatura baixa ou media, de compleição robusta ou atarracada.

* Trecho retirado do livro “Orixás” de Pierre Verger, 1996.


segunda-feira, junho 13, 2011

Hoje é dia de festa: Ciganos

Em homenagem a Santa Sara Kali, santa protetora do povo Cigano, no último dia 28 de maio foi realizada uma festa para celebrar e comemorar tal data.



Com as bençãos de nosso pai Ogum, os trabalhos foram iniciados. E a magia e a alegria dos Ciganos tomaram conta do local.




Uma mesa farta e uma fogueira não poderiam faltar numa festa cigana. E nada seria possível se não fosse pela disposição e trabalho dos filhos e amigos da Aldeia.




Para saber mais sobre a história do povo Cigano e sobre a Santa Sara Kali, clique.



O Ritual do Arco Iris

sexta-feira, junho 10, 2011

Santa Sara Kali

Sua história e milagres a fez Padroeira Universal do Povo Cigano, sendo festejada todos os anos nos dias 24 e 25 de maio. Ocorre procissão e festejos com banhos no mar. A imagem de Santa Sara é vestida de azul, rosa, branco e dourado, adornada de flores, jóias e lenços coloridos e levada para as águas do mar. Após o banho de mar, a imagem, volta ao altar onde os que participaram da procissão possam pedir suas graças.Muitos buscam nos olhos de Santa Sara a obtenção das graças, pois nos olhos de Santa Sara, tudo está contido: a força de Deus, a força da mãe, a força do amor da irmã e da mulher, a força das mãos, a energia, o sorriso, a magia do toque e a paz. E assim, todos que buscam graças no seu olhar, retornam sempre aos pés de Santa Sara para agradecer.
Embora seja uma santa da igreja católica canonizada em 1712, até hoje a própria Igreja omite o seu culto.



Kali, em sânscrito quer dizer negra, e foi acrescentado ao seu nome devido a cor bem morena de sua pele.

Além de trazer saúde e prosperidade, Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por ajudá-las diante da dificuldade de engravidar. Muitas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a ela, no sentido de que, se concebessem, iriam à cripta da Santa, em Saintes-Maries-de-La-Mer no sul da França, fariam uma noite de vigília e depositariam em seus pés como oferenda um diklô, o mais bonito que encontrassem. E lá existem centenas de lenços, como prova que muitas ciganas receberam esta graça.
Oferecer um manto ou um lenço à Santa Sara faz parte de seu culto e devoção. Geralmente os mantos ou lenços são para agradecer uma graça alcançada através de um pedido ou promessa.

A  História
Por volta dos anos 50 d.c, uma embarcação cruzou os mares a partir de terras Palestinas levando a bordo para fugir das perseguições de Roma aos primeiros cristãos, um grupo de personagens bíblicos:Maria Jacobina ou Jacobé, irmã de Maria, mãe de Jesus, Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João, Maria Madalena, Marta, Lázaro, Maximinio e Sara, uma negra serva das mulheres santas.
Eles foram atirados ao mar, numa barca sem remos e sem provisões.
Desesperadas, as três Marias puseram-se a orar e a chorar. Aí então Sara retira o diklô (lenço) da cabeça, chama por Kristesko (Jesus Cristo) e promete que se todos se salvassem ela seria escrava de Jesus, e jamais andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito. Milagrosamente, a barca sem rumo e à mercê de todas as intempéries, atravessou o oceano e aportou com todos salvos em Petit-Rhône, hoje a tão querida Saintes-Maries-de-La-Mer. Sara cumpriu a promessa até o final dos seus dias.
Então nasceu a tradição de toda mulher cigana casada usar um lenço que é a peça mais importante do seu vestuário: a prova disto é que quando se quer oferecer o mais belo presente a uma cigana se diz: Dalto chucar diklô (Te darei um bonito lenço).

terça-feira, junho 07, 2011

Ciganos


A mais recente linha a se desenvolver na Umbanda, vem aumentando seus adeptos a cada ano, a linha de Cigano é uma junção de espíritos das mais variadas origens. Muito pouco material de consulta existe para conhecê-la, porém, vamos tentar explica-la aos poucos.
A história do povo cigano é conhecida popularmente pela dos povos nômades que viajavam pelo mundo em caravanas sem moradia fixa nem fronteiras. Pois isso já é uma grande idéia de que tipo de espíritos habitam esta linha.
A história da linha de cigano é muito nova dentro do culto de Umbanda, sendo ainda desconhecida para a grande maioria das casas. Aquelas que já a desenvolvem o começaram a pouco, sendo no geral iniciadas pelas próprias Entidades que assim pediram.
Algumas dessas Entidades habitaram outras linhas antes de comporem a linha de Cigano. Muitas Pombagiras que trabalhavam na gira de Exu e eram conhecidas como Pombagiras Ciganas e Baianas que também se diziam ciganas puderam passar para uma linha mais de acordo com suas heranças cármicas e espirituais. Nota-se também a presença de Ciganos na gira de Exu, estes, também puderam se juntar a uma outra legião de Entidades que nunca haviam incorporado para juntos desenvolverem mais uma linha de trabalho do panteão.

Sim, existem Entidades de origem cigana que justamente por herança cármica espiritual se firmaram em uma determinada linha de trabalho e nesta permanecerão enquanto durarem sua missão.
Não há regra quando o assunto são os Ciganos, são Entidades muito alegres, festeiras e de bem com a vida. Gostam de festa, animação, boas comidas e bebidas, aliás, costumam beber vinhos, licores, destilados, macerações de frutas com bebidas, como o ponche e a sangria, champagnes e inclusive água. Suas comidas mostram muito da herança cultural que compõem sua vida, comem carnes de caça, aves principalmente, afinal de contas não haviam locais para rebanho, pois viajavam constantemente, comem das mais variadas frutas, inclusive secas e mel. Costumam fumar cigarrilhas, cigarros comuns, alguns aromatizados com canela e cravo e até mesmo charutos.
Vestem-se com roupas coloridas, predominando as cores vermelha, que significa vida e espanta o mau olhado, o dourado que significa prosperidade e o estampado que representa a união com a natureza.
Suas danças são característica de cada povo cigano, já que existem vários, Kalons (espanhóis), húngaros, russos, iugoslavos e provenientes do oriente. Usam lenços, pandeiros, fitas coloridas e movimentam-se com graça e sensualidade.
Os Ciganos são muito conhecidos pelos seus oráculos adivinhatórios, não só a cartomancia e a quiromancia (leitura das mãos), mais uma dezena de outros oráculos, como a bola de cristal, teimancia (leitura através da borra do chá), cafeomancia (leitura através da borra do café), dadomancia (oráculo dos dados), hidromancia (leitura através da água em um copo), entre outros.
O uso das ervas é muito grande dentro da cultura cigana, e essas Entidades tem sempre uma receita, encantamento ou simpatia para receitar, usam muitas flores, frutas, folhas em geral e muitos incensos.
Atendem a pedidos de prosperidade, trabalho, amor, abertura de caminho, proteção espiritual e saúde. Suas cantigas, ainda escassas, falam da vontade deste povo de trabalhar, sua felicidade, o contato com a natureza e suas andanças pelo mundo.

“Dizem que Cigano não trabalha,
Errou, errou, errou,
Cigano não tem dia e não tem hora
Pra prestar a caridade
Ele faz a qualquer hora” (bis)


“Cigana, cigana linda
Onde mora, onde você está?
Estou, lá na estrada,
Na minha tenda esperando me chamar” (bis)

Os nomes já conhecidos dessas Entidades são Igor, Carmencita, Ramiro, Sarita, Ivan, Maria Luzia, Thiago e tantos outros.
Por mais que o culto da linha de Cigano ainda esteja se desenvolvendo na Umbanda, ele tem tudo para crescer e dar muitos frutos. Mais uma vez, a Umbanda prova ser a religião que surgiu para receber os mais variados espíritos, todos dispostos a prestar a caridade e ajudar as pessoas aqui na Terra.


Por Thiago Sá