segunda-feira, abril 23, 2012

Ogum


Orixá Ogum, Orixá da lei, da guerra, do ferro e dos caminhos.
Usa vermelho e branco, armado de espada, que usa nas guerras justas e ditadoras da ordem.
Suas ervas são a espada e lança de São Jorge, manga, pitanga, abre caminho, jurubeba e guiné. Sua flor é o cravo vermelho ou branco.
Ogum come peixe assado, feijoada, cará e milho, e bebe cerveja branca.
É sincretizado com São Jorge, santo católico cuja história conta ter sido um soldado que morreu nos campos de batalha assim como o Orixá que lutou em muitas guerras. Ogum assim como São Jorge traz uma espada, sua arma de guerra como símbolo de coragem o que o caracteriza como guerreiro.
Sua saudação, “Ogum nhê”, significa: “Ogum sobreviveu forte” relembrando mais uma vez que ele é o Orixá da guerra. Também se fala “Patakori Ogum”, que significa: “Importante, supremo, Orixá Ogum em nossa cabeça”.
Ogum é o Orixá da lei, pois respeita e exige respeito por tudo que é correto e direito, não admite trapaças ou atitudes que visam prejudicar o próximo.
É o Orixá do ferro, pois com ele desenvolveu as ferramentas e as armas, é também associado à agricultura e a tecnologia.
Ogum é o dono dos caminhos junto com Orixá Exu, seu irmão companheiro. Cuida das estradas que levam cada um ao seu destino, seja estrada material ou espiritual.
À Ogum são feitas oferendas que pedem abertura de caminhos, proteção, fechamento de corpo... Suas cantigas contam que ele vence demandas, derruba mandingueiro, ganha batalhas onde quer que sejam que protege e luta por seus filhos e é tido pelos outros Orixás como o soldado leal que a todos ajuda.

Eu tenho sete espadas pra me defender (bis)
Eu tenho Ogum na minha companhia (bis)
Se Ogum é meu Pai, Ogum é meu guia,
Se Ogum vem salvar,
            Venha com Deus e a Virgem Maria.

Ogum também é considerado na Umbanda como o Pai de todos os seres humanos independente do Orixá de cabeça, pois ele atua em todos os planos e lugares defendendo todos os filhos de Deus.
Ogum zela pela lei, e quando ela é descumprida, Ogum põe em prática as penas por tê-la descumprido.
Suas giras são movimentadas, os Caboclos de Ogum, espíritos que incorporam e trabalham na irradiação do Orixá costumam dançar e emitir pequenos sons que não são palavras, e também brados. Salvo em necessidades extremas um Caboclo de Ogum não fala quando incorporado. Podem portar espadas de metal, espadas de São Jorge ou ainda a lança de São Jorge, que são empunhadas com muita braveza e postura. Também pode ocorrer, mas com raridade um Caboclo fumar ou beber.
É o único Orixá cujo seus mensageiros possuem nomes próprios: Ogum Iara, Beira-mar, Naruê, Sete Ondas, Sete Espadas, Rompe-mato, Megê e etc. 
No Brasil, Ogum é festejado em 23 de abril e a ele rendem-se grandes festas e também procissões. É um dos Orixás de maior culto no país.


Arquétipo de seus Filhos

O arquétipo de Ogum é o das pessoas violentas, briguentas e impulsivas, incapazes de perdoar as ofensas de que foram vitimas. Das pessoas que perseguem energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente. Daquelas que nos momentos difíceis triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das que possuem humor mutável, passando de furiosos acessos de raiva ao mais tranqüilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros por certa falta de discrição quando lhe prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas. (Verger)*

Fator: Ordenador.
No positivo: são leais, vigorosos no amparo dos seus afins, protetores, ciumentos dos seus, não abandonam seus amigos à própria sorte e dão a vida para salvar alguém.
No negativo: são irredutíveis e tentam impor-se a todo custo.
Apreciam: Viagens, competições, esportes violentos, discussões acaloradas, comidas e bebidas fortes e mulheres que se apaixonam por eles.
Não apreciam: A monotonia, o sedentarismo, as musicas suaves ou melancólicas, os trabalhos que devem ficar incomunicáveis ou presos a um mesmo lugar.


 * Trecho retirado do livro “Orixás” de Pierre Verger, 1996.
Por Thiago Sá

Saravá Ogum!!! Salve São Jorge!

Que o senhor dos caminhos, dono da tecnologia e Pai de todos os filhos de Umbanda nos abençoe sempre!
Saravá Senhor Ogum! Ogunhê!!!!

sábado, abril 21, 2012

Quotidiano Umbandista - Longa Caminhada


Como de costume ele foi católico não praticamente, mas contam que foi o que chamam de corredor de gira, mas não de templos para templos, mas sim de religião para religião.
Sempre acreditou em Deus e sempre aceitou o catolicismo de coração mas depois de ir à igreja por muito tempo só em casamentos e missas de sétimo dia, resolveu que era hora de encontrar uma religião que preenchesse seu coração.
Encontrou através de uma amiga o Budismo, soube que Deus também pode ter outros nomes, e lá descobriu que o silêncio é o primeiro passo para o encontro do eu interior. Mas naquela época ele preferia o barulho de um night club a passar horas sentado meditando.
Descobriu que Deus também estava nas bandas de rock gospel da Igreja Renascer e até aprendeu a tocar instrumentos. Estava num lugar onde tudo estava em comunhão. O barulho e a festa que ele gostava com a palavra de auxilio religioso que precisava.
Mas os sermões e os estudos bíblicos eram chatos e o dízimo era alto e ele então desistiu de mais uma religião.
Logo depois, as noitadas já estavam chatas e ficar em casa estava cada vez mais comum, e sem religião ficava mais fácil pensar no profano e no ilícito.
Um amigo do trabalho lhe contou que no Kardecismo também há a presença de Deus e ele fala através de Mentores, sentiu então pela primeira vez paz de espírito e não a paz silenciosa exterior do templo budista. Viu que um trabalho espírita pode trazer cura, conforto e infinitos benefícios. Basta querer.
Como cada um caminha até encontrar sua verdadeira morada, lhe foi mostrado quão belo o mundo espiritual é. Mas que ali em torno daquela mesa de toalha branca ele estaria estacionado, deveria caminhar um pouco mais para aí sim encontrar seu porto seguro.
Os Orixás nos guiam por onde devemos andar, mas as pernas respondem a nossa consciência, mas na hora certa, dia certo e quando ele realmente precisava ele ouviu o som dos atabaques que vinham do fundo da humilde casa.
Curioso, afinal dizem que“macumba” é coisa ruim, mas uns dizem que é religião como outra qualquer e que eles também tem seus Mentores, mas com nomes diferentes ele entrou no pequeno terreiro, mas diante de imensa força achou que fosse um enorme palácio.
Não sabia dizer que gira era, mas lembra de um Guia ter-lhe chamado e sem mais nem menos pediu licença pra botar a mão no couro. Não conhecia a religião, não conhecia o instrumento, nem sabia cantar um ponto sequer, mas quando um dos Ogãns da casa saudou o Baiano chefe do terreiro ele puxou um ponto de louvação que falava da grandeza daquele Baiano, e a Entidade em terra se curvou em agradecimento.
O rapaz terminou o ponto estarrecido e aos prantos. O Baiano lhe chamou, deu-lhe um forte abraço e deu as boas vindas perguntando se estava cansado da caminhada. E que agora ele podia descansar porque ali era sua verdadeira casa.
Meu Axé a todos. Salve a Umbanda!

Jornal "Tambor" - Março/2003


O Jornal Tambor foi uma das publicações direcionadas à religiões afro-descendentes mais importantes no início dos anos 2000. Criado e idealizado pela Yalorixá Sandra Epega o jornal sempre pregou pelo diálogo inter-religioso, cultura de paz e sempre deu espaço para todos as tradições religiosas.
Nosso irmão e colaborador do blog, Thiago Sá foi colunista do jornal por quase três anos e sua coluna, Quotidiano Umbandista descrevia situações corriqueiras ao dia a dia dos templos umbandistas. Sempre descritas como ficção.
O blog Aldeia do Sultão acha pertinente trazer de volta alguns do textos publicados ao invés de deixa-los guardados num arquivo de computador ou numa gaveta.



quarta-feira, abril 18, 2012

Umbanda, eu curto!

Nem sempre você ouvirá de nossos amados pretos velhos ou pretas velhas palavras doces e contemporizadoras. Esteja pronto para os ensinamentos, que às vezes poderão ser mais duros, mas sempre com amor.

Por Alexandre Negrini Turina
Editor - Umbanda, eu curto!

terça-feira, abril 17, 2012

Sexta-Feira Santa





O fim da Quaresma marca o fim de um período muito especial para os umbandistas.
Durante os quarenta dias que precedem a Páscoa muitos templos decidem seguir um preceito diferente. Alguns entram em recesso, outros trabalham com uma determinada linha de Umbanda e outros ainda seguem seus trabalhos normalmente. Mas em comum é o respeito por esse período.
Para nós na Aldeia de Caridade Iemanjá e Cacique Sulão das Matas a Quaresma é comandada pelos nossos Pretos Velhos e por muitas orações. Os trabalhos da Sexta-Feira Santa são marcados pelo ritual de fechamento de corpo e pela distribuição de pães abençoados pelos Pretos Velhos, pães estes feitos no próprio templo.
A Quaresma é um período propício para que os filhos e seguidores façam penitências em pró de mudanças, graças e benefícios físicos e materiais.
É um período de aprendizado também e acima de tudo um período para se aproximar de Deus e da energia pura e benéfica das nossas Entidades.
Saravá os Pretos Velhos. Adorei as Almas!
Saravá!





Os Pretos Velhos trabalhando.


O cruzeiro iluminado em louvor às Santas Almas Benditas.