terça-feira, novembro 20, 2012

VAMOS SAIR DA IGNORÂNCIA EM NOME DOS ORIXÁS



De tempos em tempos, aparece algum caso de crime relacionado com Magia Negativa, associado ao mal, chamado vulgarmente de Magia Negra.
De tempos em tempos, vemos associarem alguns destes crimes à Umbanda, ao Candomblé ou aos Cultos Afros em geral.
São crimes bárbaros, macabros mesmo, com mortes de crianças e estupros, motivados pelo que há de pior e mais baixo no ser humano.
Enquanto nós ficamos aqui dizendo que isto não tem nada a ver com Umbanda, Candomblé e Cultos Afros; os criminosos, presos, se identificam com estas nossas amadas religiões e ainda dizem fazer pactos com satã, demônio, quando não colocam os nomes sagrados de nossos guias e orixás no meio de seus crimes hediondos e passionais.
SABEMOS que nossa religião é linda, que não faz pactos, que não existe demônios em nossos cultos.
Há anos, venho batendo na mesma tecla: Umbanda é Religião e só pode fazer única e exclusivamente
o bem!
Enquanto isso, pessoas que nem tem idéia do que seja religião continuam abusando de nossos
fundamentos e valores de forma negativa e invertida.
O conceito sobre religião está totalmente banalizado e distorcido, qualquer um cria uma nova religião e faz o que quer com ela, esta é a verdade.
Sempre lembro a primeira definição de Umbanda dada por seu fundador, o primeiro umbandista, Zélio
de Moraes e sua entidade Caboclo das Sete Encruzilhadas: Umbanda é a manifestação do espírito
para a prática da caridade!
Enquanto isso, no próprio seio da Umbanda, convivemos com praticantes que não tem a menor idéia
de quem foi, ou o fez, o primeiro umbandista.
Pessoas que "dirigem" terreiros, que se denominam sacerdotes (pai de santo, mãe de santo, padrinho,
madrinha…) e proíbem seus médiuns de estudar.
O medo e a ignorância são portas abertas para as trevas interiores e exteriores.
É aqui que o EGO, a vaidade e os vícios mais baixos do ser humano se instalam.
E todos os dias vemos anúncios de pessoas oferecendo "serviços" de magias negativas em nome de
nossos sagrados valores,
de nossa religião, de nossos guias e orixás. Deitam e rolam com os nomes de exu e pombagira, usam
e abusam.
As pessoas continuam procurando um atalho, um caminho mais fácil, para externar seu negativismo
acumulado, não querem dor, não querem crescer, não querem assumir seus atos, não querem ser
conscientes, querem apenas satisfazer os sentidos viciados
no mundo das ilusões, das paixões que arrastam para atitudes emocionais animalizadas e instintivas.
Ainda se vê na figura do médium um poder de manipular vidas!
Um poder de manipular o destino, um poder que pode ser comprado, negociado.
NÃO EXISTE OUTRA SAIDA PARA A RELIGIÃO, É PRECISO MUDAR O SENSO COMUM, É PRECISO
ALCANÇAR O INCONSCIENTE COLETIVO!
E A UNICA FORMA É COM EXEMPLO E NÃO APENAS COM PALAVRAS.
Um consulente pode apenas frequentar um terreiro, sem ter a mínima idéia do que seja a Umbanda.
Um consulente, um simples frequentador, pode se denominar católico, ateu, à toa e o que quiser…
Este consulente pode, sim, ele pode ser totalmente ignorante…
UM MÉDIUM NÃO PODE SER IGNORANTE!!!
UM MÉDIUM E PRATICANTE DE UMBANDA É FORMADOR DE OPINIÃO, SEMPRE!!!
O MÉDIUM É O TEMPLO DA RELIGIÃO!!! NÃO PODE SER O TEMPLO DA IGNORÂNCIA!!!
Umbanda não é e não pode ser para pessoas ignorantes.
E aqui fica bem claro o sentido e significado da palavra ignorante: aquele que ignora algo.
Não se pode praticar Umbanda de forma ignorante, sem saber o que está sendo praticado.
Quando não estamos bem, e todos passamos por momentos e períodos de negatividade, é o
conhecimento, a razão, que nos mantém dentro de limites e parâmetros seguros. O médium
ignorante torna-se uma porta aberta para as trevas.
E vamos continuar vendo casos e mais casos em que a ignorância rouba, assalta, o nome da
umbanda e de nossas entidades.
COMO VAMOS MUDAR ISSO???
Ignorância se vence com conhecimento e estudo…

Alexandre Cumino

Fonte - Umbanda On Line

quarta-feira, novembro 14, 2012

15 de Novembro - Dia da Umbanda

Celebramos a existencia da Umbanda e de todos os mentores, guias e protetores, dos Orixás e das linhas de trabalho que fazem da Umbanda uma religião tão bonita e cheia de harmonia.
Que as leis da Umbanda de amor ao próximo, fé e caridade sejam levadas com seus filhos de fé por onde andarem.
Que possamos todos nos tornarem melhores diante das bençãos dos nossos guias e Orixás.
Que as nossas crianças continuem a nos dar harmonia, felicidade e bondade.
Que os Caboclos continuem a nos dar força e determinação.
Que os Pretos Velhos continuem a nos dar paciencia, tolerancia e principalmente humildade.
Que possamos levar ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá, para sempre.
Saravá a Umbanda!

Família da Aldeia do Sultão.

segunda-feira, novembro 05, 2012

A Filha de Olorum

 

E sua majestosa voz ecoou pelo alto, pelo embaixo, pela esquerda e a direita, pelo a frente e o atrás, pelo envolta. Por determinação do pai - mãe de Todos, uma nova religião nasceria sob solo brasileiro. Era sua filha mais nova, a Umbanda.
E um verdadeiro rebuliço começou no Orum, pois logo o mais respeitado dos Orixás se ergueu de seu Trono e disse que ele seria o responsável e sustentador maior da religião. Oxalá abençoava o nascer da mais nova filha de Olorum, e a assumia dos Seus Divinos Braços. Nela a espiritualidade e a fé estariam presentes, como aceleradora da evolução de todos. Não existiriam dogmas, e apenas um grande fundamento: Amor e Caridade.

E logo começaram a chegar os Orixás, todos também abençoando e apadrinhando a nova filha de Olorum. Ogum e Iansã, os mais emocionados de todos, diziam que protegeriam a nova religião com as armas da Lei. E então a voz trovão de Xangô ecoou, pelos quatro cantos do Orum, dizendo que ele seria a Justiça a favor de todos. Sua palavra seria Lei, e os filhos de Umbanda nada temeriam, pois todos são filhos de Rei, o Rei Xangô.
Também apresentou a todos sua mais nova esposa, Egunitá a quente irmã mais nova de Iansã. Ela que era “fogo puro” encantou a todos, e disse que protegeria a Umbanda.
E assim a filha mais nova de Olorum ganhou seus dois padrinhos: a Lei Maior e a Justiça Divina.
Mas algo engraçado aconteceu. Muitos espíritos vindos de um dos muitos bairros do Orum, Aruanda, disseram que eles seriam os trabalhadores e a linha de frente da religião, além de assumirem a condução dos médiuns umbandistas.
Oxalá que é o senhor das formas, e pai da Umbanda, consentiu e determinou que por homenagem ao povo negro e indígena, todos assumissem a forma de Caboclos e Pretos - velhos.
E logo chegou Oxossi de uma de suas muitas caçadas, e assumiu toda a linha de Caboclos, tornando - se o Rei dos Caçadores. Distribuiu um diadema que os caboclos trazem até hoje, o diadema ganho do Rei das Matas.
E o velho Obaluayê junto de Nanã, abençoou todos os espíritos anciões que se consagravam ao trabalho da linha de pretos - velhos. Concedeu a eles a sabedoria que só o passar do tempo pode conceder. E todos se transformaram em ótimos conselheiros e curadores, principalmente das chagas da alma.
E por falar em tempo, ele também estaria presente. Oiá - Tempo (xará de Iansã – Oiá), seria responsável pelas força do tempo dentro da nova religião. E como ela é muito observadora e vamos dizer, bastante desconfiada, seria a guardiã da fé e dos processos da religiosidade. E "ai" de quem pisasse na bola da religiosidade. Lá estaria Oiá com seu olhar congelante...
Iemanjá que é uma “mãezona" queria que todos espíritos que se manifestassem para a caridade pudessem ser aceitos no ritual, sabe como é, "em coração de mãe sempre cabe mais um". E assim ficou decidido, pois ninguém tem coragem de negar um pedido da encantadora Rainha do Mar. E a Umbanda acolheria a todos, caso viessem para prestar a caridade. Surgia então, as muitas linhas de trabalho, como baianos, marinheiros, boiadeiros e os muitas vezes renegados pelo próprio povo de origem, os ciganos...
E de repente apareceu Oxum, perguntando que festa era aquela. Quando ficou sabendo que era o nascimento da mais nova filha de Olorum, começou a chorar e a abençoou com suas lágrimas que caíam de seus olhos como duas enormes cachoeiras. (ela é muito chorona, mas não gosta que a gente fale sobre isso...)
E de presente a ela, chamou Oxumaré, que transformou tudo em cores e disse que renovaria e embelezaria tudo com seu axé colorido.
E junto do seu arco – íris vieram os encantados da natureza, as crianças que seriam a alegria da Umbanda.
O “time” estava quase completo, quando da terra surgiu o amado Tata Omulu e Obá. Não muito sorridentes, para falar a verdade bem sérios e um pouco secos, disseram que também fariam parte da nova religião. Que queriam ver seus cultos renovados, e que seriam a força do elemento terra. Obá que depois de muitas desilusões, nada mais queria com Xangô, resolveu unir – se a Oxossi, e ajuda – lo a disseminar o conhecimento.
Omulu que é muito calado colocou – se do lado de Iemanjá, dizendo que a guardaria por todo o sempre. Na verdade até umas lágrimas foram vistas cair de seus olhos, negros como a noite. Ele é meio incompreendido, mas quem o conhece sabe que é o mais amoroso dos Orixás.
Todos estavam comemorando, quando não sabe - se direito porque, uma confusão começou, e ninguém mais sabia o que iria fazer. Oxalá que muitas vezes já tinha sido enganado por “ele”, não seria novamente. Logo disse:
_ Laroiê Exu! Você também é convidado a participar da nova religião. Será responsável pela esquerda de todos. Mas vai ter que seguir as Leis de Xangô, e será acompanhado de perto por seu querido irmão Ogum!
Uma gargalhada soou por todo Orum, e Exu apareceu. Junto dele a mais bela moça, Pombagira. Exu ficou feliz, disse que agora teria Pombagira para dividir seu trabalho, mas que não abriria mão de ser sempre o primeiro a ser firmado. Não porque ele era aparecido, mas sim porque era ele quem guardaria os templos e casas de Umbanda.
E muito esperto que era, disse:
_ Olha, eu vou supervisionar o trabalho junto com Pombagira. Mas vou deixar uns espíritos trabalhando com a minha força fazer o trabalho. Afinal o que o homem faz, o homem que desfaça. E também o meu irmão Oxossi é senhor da linha de caboclos, porque eu não posso ser senhor da Linha de Exu?
Bom, começaram umas discussões, mas acabou acertado que o Orixá Exu atuaria na Umbanda, a partir de sua linha de trabalho. Seria a linha que faria o trabalho pesado, além de serem os guardiões dos médiuns, e dos templos de Umbanda.
E assim todos os Orixás muito emocionados, deram as mãos e começaram a orar pelo sucesso da mais nova filha de Olorum.
E então o Pai e Mãe de Todos se manifestou:
“Meus amados filhos Orixás, a Vós eu consagro minha filha nova e dileta, a Umbanda. Que ela transforme – se em uma religião semeadora de luz, alegria e compaixão. Que seja espiritualista e universalista, que esteja aberta a todos de bom coração”.
“E que em sua pedra fundamental esteja escrito o seu único dogma: Amor e Caridade!”
E de Si Sete intensas irradiações partiram, e envolveram sua filha querida. Todos emocionaram – se e agradeceram a Olorum, por essa benção a humanidade.
Quase cem anos passaram, e a Umbanda cresceu um bocado.
Transformou – se em uma linda jovem, amorosa e alegre. Amparada por seu Pai Oxalá, e seus padrinhos, a Lei Maior e a Justiça Divina, ela vai vencendo todos os obstáculos.
Os seus trabalhadores conquistaram o coração das pessoas. Todos correm para escutar a palavra de sabedoria do preto – velho, ou a conversa pura e alegre da criança.
Os caboclos transformaram – se na linha de frente da Umbanda, trazendo as qualidades dos nossos amados pais e mães Orixás. Onde existe um Pena Branca, lá está a paz e serenidade de Oxalá. Onde trabalha um Sete Espadas, está os olhos da Lei.
Exu e Pombagira se fizeram presentes tornando – se sinônimos de proteção e cumprimento da Lei, seja na seriedade do Tranca – Ruas, no olhar penetrante do seu Capa Preta, ou na força da Rainha Maria Padilha.
Todos os espíritos podem se manifestar para a caridade, como um dia pediu a “mãezona” Iemanjá, surgindo assim a alegria dos muitos “Zés” que trabalham na Umbanda.
E principalmente a Umbanda tornou – se sinônimo de amor e caridade, de luz e evolução espiritual.
Esse texto é apenas uma fábula, uma lenda ou um Itan, que presta também sua homenagem a filha mais nova de Olorum. E um pedido para que enfim as pessoas entendam, que existe algo maior que a “minha” ou “a sua” Umbanda. Simplesmente existe A UMBANDA, filha querida de Olorum, que encanta a todos os Orixás, e enche os olhos do velhinho e amoroso Oxalá de lágrimas de felicidade e amor...

(Sepe, em homenagem a Umbanda, essa linda religião universalista, doada a todos nós pelos amados Pais e Mães Orixás).
 
*Fonte - Genuína Umbanda