quarta-feira, março 26, 2014

Para que servem as ferramentas e paramentos na Umbanda? Parte 2 de 2

Algumas ferramentas ou paramentos como chapéus, cocares, capas, saias, etc., servem como proteção ao médium de corrente; outras como bengalas, tridentes, espadas, flechas, etc., servem como um meio para descarregar o médium ou o consulente; e há também as ferramentas como incenso, jóias, pedras, coco verde, doces, bebidas, etc., que servem para atrair e carregar o médium com energia positiva, ajudando no seu fortalecimento, equilibrando-o e acalmando-o.
 
 

Não há uma regra com relação à função de cada paramento, pois os guias utilizam a mesma ferramenta para diversos usos, dependendo de sua vontade e do objetivo que ele quer atingir, como por exemplo, a bengala do preto velho pode descarregar o médium, mas também pode servir como meio para atrair energia positiva e carregar o médium e isto “apenas a entidade’’ sabe manipular...

Como são utilizadas as ferramentas e paramentos ?

Cada guia espiritual utiliza a ferramenta de acordo com seu fundamento e axé e há variação no uso ou no tipo de ferramenta até mesmo entre guias de mesma linha - como a linha de caboclos, onde um caboclo pode utilizar um cocar e outro utilizar apenas uma cuia com água e mel. O médium de corrente também influencia na escolha da ferramenta, pois o seu corpo é um transmissor e receptor de energias, mas a facilidade por onde “entra e sai” energia do seu corpo (que pode ser através das mãos ou dos pés ou da cabeça ou do tronco, etc.) é o que ajuda o guia a definir qual ferramenta utilizar e como utilizar para sua proteção.

Para fazer o uso dos paramentos iremos descrever - com linguagem humana - como um (a) preto (a) velho (a) faz uso das mesmas:

I. Chapéu de palha, lenço, xale,caneca etc.

a. Energia positiva: atrai bons fluídos e energia para a coroa do médium.

b. Energia negativa: protege a coroa do médium de vibrações negativas que estão no ambiente e ainda não foram processadas durante o ritual.
               
II. Cachimbo, cigarro de palha, cigarro, etc.

a. Energia positiva: o odor do fumo sendo queimado atrai bons fluídos ao médium e ajuda na concentração.

b. Energia negativa: queima os miasmas do corpo do médium e dos consulentes.

III. Rosário, terço, figa, crucifixo, guia de contas, etc.

a. Energia positiva: concentra energia positiva e fluído de essência divina para ser repassado ao médium ou aos consulentes. Também serve como meio para o médium se concentrar no trabalho do guia.

b. Energia negativa: concentra energia negativa que está no corpo do médium ou do consulente sendo descarregada quando a ferramenta é jogada ao chão ou quando ela quebra.

IV.    Bengala, espada de Ogum, lança de Ogum, galho de guiné, etc.

a. Energia positiva: concentra energia positiva e fluído de essência divina para ser repassado ao médium ou aos consulentes.

b. Energia negativa: concentra energia negativa que está no corpo do médium ou do consulente sendo descarregada quando a ferramenta é batida no chão.

V. Comidas e bebidas como café, bolo de fubá, mandioca, arroz, etc.

a. Energia positiva: concentra energia positiva e fluído de essência divina para ser repassado ao médium ou aos consulentes.

b. Energia negativa: concentra energia negativa que está no corpo do médium ou do consulente sendo descarregada quando descartado (cuspido) no “cuspidor”.

 

VI. Tapete de folhas*, tapete de palha, chinelo de palha, etc.

a. Energia positiva: concentra energia positiva e fluído de essência divina localizado no congá para ser repassado ao médium ou aos consulentes (*Me refiro á tapete de folhas tal qual fazemos em nossas festas de Oxóssi)

b. Energia negativa: concentra energia negativa que está no corpo do médium ou do consulente sendo descarregada quando o guia bate os pés e ou as mãos contra a ferramenta ou contra o chão.

Para deixar bem claro, quem direciona o tipo de energia, positiva ou negativa, para a ferramenta é o guia espiritual, pois é ele que está visualizando o excesso ou a falta dessas energias, é ele que sabe como manipular essas energias, sem afetar o médium ou o consulente.

Mas quem é que define as ferramentas que os guias utilizarão nos trabalhos?; os próprios guias e não o auto sugestionamento do médium...

Por mais “legais e belas” que achamos algumas ferramentas ou paramentos, e até gostaríamos de presentear nossos guias, somente os guias é que pedirão o que necessitam em seus trabalhos,tendo ainda que acolher a doutrina e a permissão de cada casa acerca disso, somente os guias é que sabem quais as ferramentas que eles mesmos utilizam e se são ou não necessárias.

Há casos em que alguns terreiros proíbem o uso de ferramentas pelos guias, mas é claro que os guias sabem dessa “proibição” e por isso, manipulam as energias de outras maneiras, reforçando o direcionamento das energias para assentamentos ou para o altar, por exemplo.
           
E se o médium de corrente quiser presentear um guia espiritual com um paramento? E se um consulente presentear o guia espiritual de um médium com uma ferramenta?

 

Quando decidimos presentear um guia espiritual que trabalha conosco, através do uso de nossa mediunidade, o melhor que se tem a fazer é perguntar para ele (ou pedir para que outra pessoa pergunte para o guia) se o presente será útil ou será uma coisa para atrapalhar. Acredite: se o guia precisar de uma ferramenta ele pedirá ao médium ou ao cambone do médium, e às vezes, o que chamamos de “intuição”, como num caso desses, pode ser apenas uma “vaidade”e “sugestionamento” de nossa parte. Todo cuidado é pouco,sempre lhes ensino isso né?

Se um consulente resolve presentear o guia espiritual devemos ter em consciência o seguinte caso: a consulta com o guia espiritual é gratuita, logo um presente pode caracterizar, indiretamente, como pagamento por um “serviço bem feito”. A vaidade do médium também pode ser exacerbada com este ato. O procedimento neste caso é: alertar para que os consulentes não ofereçam presentes aos guias espirituais, mas caso aconteça, o consulente deve oferecer o presente diretamente para o guia que saberá o que fazer com o presente.

E para finalizar esta postagem, uma dúvida de muitas pessoas e médiuns é: uma guia de contas estourou durante a gira, isso foi descarrego?

Sim e não. Sim se o médium estava muito carregado negativamente e a única ferramenta que estava em seu poder era a guia de contas, daí, em decorrência do excesso de energia ela pode vir á estourar. Porém não é sempre que uma guia de contas estoura em decorrência do excesso de energia.
O médium constantemente molha a guia de contas em banhos de firmeza, amaci,água do mar,água de cachoeira e até mesmo com o próprio suor. Alguns colocam as guias para  energizar com a luz solar ou com a luz lunar. Esse processo de molhar e secar a guia por diversas vezes faz com que o fio de nylon da guia de contas não suporte tanta variação e quebre, e claro, como o médium só utiliza a guia de contas em dias de gira, é nesse momento que vai haver o “estouro” da mesma, e isso não é descarrego e sim falta de observação do médium em relação ás suas guias. 
 
 

terça-feira, março 18, 2014

Ferramentas, paramentos e outras vestimentas usadas na Umbanda. Parte 1 de 2



Quem nunca foi á um terreiro de umbanda e se perguntou: Porque as entidades usam determinados paramentos,como copos,taças,punhais,canecas,bengalas,chapéus e demais utensílios

Muitos guias de umbanda usam paramentos para absorver energias condensadas, atrair ou projetar ondas vibratórias, descarregar os médiuns e os consulentes de energias negativas, e até para sua auto proteção.

Para muitos que desconhecem os fundamentos da Umbanda, para os que estão iniciando na religião ou mesmo para aqueles que estão apenas visitando um terreiro para tomar um passe, as ferramentas utilizadas pelos guias são justamente utilizados nestas funções e jamais para chamar á atenção de ninguém.

Mas tudo na Umbanda tem sua razão de ser e existir. nada é por acaso e as entidades usam estas ‘’ferramentas’’para captar as energias densas dos médiuns ou consulentes para depois do atendimento dissipá-las de forma conveniente

Antes de explicar para que servem as ferramentas utilizadas pelos guias espirituais, vamos conhecer algumas:
 
 

· Pretos Velhos: cachimbo, bengala, rosário, terço, figa, crucifixo, lenço,canecas,cuias, xale, chapéu de palha, cigarro de palha, etc.

· Exu: tridente, corrente, marafo, charuto, cigarro, capa, cartola, guias de aço, etc.

· Pombo Gira: batom, cigarrilha, anéis, colares, saias, lenços, jóias,taças etc.

· Caboclos de Oxóssi: penachos, cocares, arco e flecha, charuto, cuia e demais paramentos que a casa permitir.

· Caboclos de Ogum: lança, espada, elmo, espada de São Jorge ou Ogum e demais paramentos que a casa permitir.

· Caboclos de Xangô: oxé (machado de pedra de duas pontas), pedras, charuto e demais paramentos que a casa permitir.

· Baiano: chapéu, cigarro de palha, badulaques, coco verde, facão e demais paramentos que a casa permitir.

· Marinheiro: boné branco, copo com pinga, cigarro, cordas e demais paramentos que a casa permitir.

· Boiadeiro: chicote, chapéu, cinto, lenço e demais paramentos que a casa permitir.

· Cigano: baralho, lenço, incenso, pedras, jóias, almofadas e demais paramentos que a casa permitir.

· Erês: brinquedos, bexigas, doces, bebidas, óculos coloridos, bonés, saias e demais paramentos que a casa permitir.

Há outras linhas de trabalho nos terreiros, por isso enumeramos as mais conhecidas com apenas algumas ferramentas que cada uma delas utiliza, cada qual com sua devida utilidade não servindo apenas como mero adereço, como um batom, por exemplo.

 

quarta-feira, março 05, 2014

A ligação entre o Carnaval, a Quaresma e a Umbanda


Muitos centros de umbanda fecham ou tem o atendimento limitado no período do carnaval e quaresma mesmo não sendo datas ligadas a nossa religião. Porque isso acontece?
A dúvida sobre o funcionamento das casas de santo (os terreiros de umbanda) durante o carnaval e quaresma, vem da época que os orixás eram proibidos de serem cultuados e deveriam ser sincretizados com os santos católicos.

Como o período da quaresma corresponde a uma época de reclusão e reflexão dentro da igreja católica, muitos terreiros de umbanda e candomblé ficavam em uma posição delicada junto a comunidade católica e fechavam as portas para não ter problemas com as autoridades locais e com as pessoas em geral, quando poderiam ser acusados de desrespeitosos com a religião católica.
As pessoas consideravam que as casas de santo não deveriam bater tambores ou praticar qualquer ritual na quaresma, a exemplo da igreja católica que deixa suas imagens cobertas por mantos de cor roxa em sinal de respeito, onde os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo.
Mas devemos lembrar que estes são rituais católicos e não pertencem a religião umbandista.  A quaresma para nós vai marcar apenas o final do ano litúrgico na umbanda, com a chegada da semana santa e da páscoa.
 
Os terreiros de umbanda precisam parar as atividades na quaresma?

As casas de santo não precisam parar suas atividades durante a quaresma e podem funcionar normalmente, pois não estão ligadas aos dogmas da igreja católica que determinem que não possam fazer atendimento espiritual nessa ocasião.
Certos terreiros de umbanda tem preferencia por trabalhar apenas com Exús e Pombagiras na quaresma; outras casas de santo preferem trabalhar na linha de Pretos Velhos e Caboclos. Vai depender da linha de trabalho espiritual seguida em cada casa de santo.
 
Lorogun –  final do ano litúrgico na umbanda marcado pela quaresma
 
Lorogun, lórogún ou olorogum é uma cerimônia ritual que paralisa a maiorias das atividades nos terreiros de umbanda, estimulando o povo de santo e adeptos da umbanda ao descanso coletivo, marcado o final do ano litúrgico.
lorogun acontece propositadamente no período da quaresma católica, logo depois do carnaval, terminando justamente no sábado de aleluia, onde começa o início do ano litúrgico (Ano Novo) para os frequentadores das casas de santo.
O encerramento do ano litúrgico acontece durante os quarenta dias que antecedem a Páscoa no católicismo, com o Lorogun, em homenagem a Oxalá
 
Boa Quaresma à todos.