quinta-feira, setembro 11, 2014

Sacramentos da Umbanda - Funeral

Morte e Vida Umbandista - crença pós-morte e funeral na Umbanda.

Em novembro, temos tradicionalmente o Dia de Finados (ou Dia dos Mortos), data que tem todo um significado religioso para os cristãos. Porém, devido ao sincretismo presente na Umbanda, esta data também nos têm grande importância: é quando louvamos a força do Divino Orixá Omulu, Senhor da Morte e das transições no Universo.
De forma geral, a Umbanda, em sua doutrinação se apega intensamente na vida, ou seja, em como devemos nos comportar enquanto encarnados para então, quando chegar a hora do desencarne, garantir um bom lugar nas esferas espirituais. Hoje, vou comentar sobre a visão de morte e a importância da mesma sendo que cultuamos uma divindade regente deste Sentido da Vida.
Para a Umbanda, a morte do corpo físico não é o fim da vida. Entende-se apenas como o fim de um ciclo, ou seja, passagem encarnatória; após o ato de morte física do ser desencarnado, este será encaminhado para uma esfera espiritual condizente com seus atos e vibração emocional acumulada durante a passagem no corpo físico. Aqui, no plano físico, estamos numa esfera neutra ou mista, onde tudo se encontra, sem distinção. Já no plano astral, os seres vivem em realidades dimensionais pertinentes às suas condições emocionais e vibracionais. Logo, se vibras ódio, um lugar com seres odiosos será sua morada; se vibras o amor, sua morada será um lugar agradável. É como diz Saint Exupéry em sua obra O Pequeno Príncipe: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” , e é exatamente isto, nós somos aquilo que criamos ao nosso redor e a realidade que desenvolvemos é a que levamos além do pós-morte.
Então, nada se acaba com o fim da vida física. Quando o corpo perece, este é o fim de uma etapa e o inicio de outra. Morremos para o mundo físico e renascemos para o mundo espiritual. Assim ocorre também com o inverso, ou seja, quando reencarnamos, “morremos” para a vida no plano etérico e nascemos para o plano físico.  O umbandista deve se preocupar com o que cria na sua vida, pois já pode desconfiar do resultado no desencarne.
A Umbanda não crê em ressurreição, como não crê num Salvador ou Messias resgatador de seu rebanho, uma vez que ela prega a transcendência individual que cada ser deve alcançar, ninguém fará nada por ninguém, cada qual com seu quinhão. No entanto, a crença no reencarne é a explicação do resgate dos débitos e aprendizado constante do ser.
No Dia de Finados é fundamental que o umbandista, ao realizar o culto ao Divino Orixá Omulu, vibre seus pensamentos nos antepassados, seus parentes desencarnados, solicitando ao Pai Omulu que ilumine a todos, pois se algum antepassado estiver precisando de ajuda por estar perdido nas questões emocionais e ainda não ter alcançado a luz, pode ser oportuno de acontecer este resgate e aquele que já estiver em situações privilegiadas então se sentirá gratificado pelas vibrações, além de ser o momento de demonstrar gratidão aos antepassados que promoveram a sua passagem presente.
O culto ao Orixá Omulu é o momento de exaltação da Divindade e o que o mesmo representa, pois como entendemos que ele é a Divindade do “fim”, logo não está presente apenas na tão temida morte física, gerando uma imagem temerosa em relação a este Orixá. Sua vibração se faz presente centenas de vezes durante nossa vida como, por exemplo, no fim de um relacionamento amoroso, quando há o rompimento de cordões emocionais e o fim de um ciclo de convivência entre duas pessoas. Neste momento de finalização lá está presente a vibração deste Orixá para encaminhar os envolvidos em seus caminhos individuais. Também posso citar mudança de emprego, de moradia, fim de amizades, etc, sempre em situações principalmente de rompimentos ou encerramentos de ciclos é esta vibração divina que se faz presente na vida dos envolvidos.
Mesmo ficando a cargo de cada um a colheita necessária após o desencarne, a Umbanda tem na cerimônia fúnebre a preocupação de garantir que o espírito desencarnado fique a cargo da Lei Divina e não tenha problemas maiores com ataques de espíritos negativos.
Cito aqui um procedimento, conforme ensinado por Rubens Saraceni no livro “Doutrina e Teologia de Umbanda” da Editora Madras, a seguir faço um comentário:
O funeral umbandista é dividido em duas partes: purificação do corpo e do espírito, que acontece somente com a presença do Sacerdote, ajudante e um parente e depois a cerimônia social para encomenda do espírito realizada no velório e no túmulo.  Ainda no necrotério,  antes de vestir o corpo do desencarnado, o Sacerdote procede com alguns atos como:
- Purificação do corpo com incenso: Primeiro ato para a purificação energética do corpo físico e do espírito que na maioria das vezes ainda está próximo ao corpo. Caso não esteja, o corpo é seu endereço vibratório e onde estiver o espírito o mesmo receberá esta purificação. As ervas queimadas na brasa propagam através do ar suas qualidades purificadoras e imantadoras do espírito;
- Purificação do corpo com água consagrada: É o mesmo que água benta; neste momento cria-se uma diluição de qualquer energia material ainda presente no corpo e no espírito do desencarnado;
- Cruzamento com a pemba consagrada: Neste ato se faz uma cruz na testa, garganta, peito, plexo, umbigo e costas das mãos e pés para desligar qualquer iniciação ou cruzamentos feitos na encarnação desobrigando o espírito a responder aos iniciadores do plano físico, desta forma se neutraliza;
- Cruzamento com óleo de oliva consagrado: Repete o ato de cruzamento acima e também cruza o ori (coroa) para que libere do chakra coronário qualquer firmeza de forças purificando o espírito e o livrando de qualquer chamamento por alguém que se acha superior querendo prejudicar o desencarnado;
- Aspergir com essências e óleos aromáticos: Aspergir todo o corpo para criar uma aura positiva e perfumada em volta do espírito, protegendo-o de qualquer entrechoque energético;

Esta é a primeira parte do funeral. Após isto o corpo será vestido e levado ao velório. Então, momentos antes do enterro, é ministrada a cerimônia fúnebre de encomenda do espírito:
- Apresentação do Falecido: Alguma pessoa escolhida irá ministrar algumas palavras positivas sobre a vida e a pessoa do desencarnado;
- Palavras sobre a missão do espírito que desencarna: Explicações do Sacerdote sobre a vida eterna e o conceito de pós-morte;
- Prece ao Divino Criador Olorum (Deus);
- Canto a Oxalá: O Sacerdote com a Curimba entoa uma música em louvor a Oxalá, caso o desencarnado seja umbandista;
- Hino da Umbanda;
- Canto a Obaluayê: Orixá das passagens é louvado para que receba e encaminhe o desencarnado;
- Canto ao Orixá Regente do desencarnado: Caso seja umbandista;
- Despedida dos presentes na cerimônia: Os presentes se despedem do falecido;
- Fechamento do Caixão;
- Transporte do corpo ao cemitério;
- Enterro do corpo: Após o caixão ser colocado na cova, o Sacerdote assopra uma fina camada de pó de pemba consagrada para proteção etérica do desencarnado e após isto se cobre com a terra;
- Cruzamento da cova onde o falecido foi enterrado: Após o túmulo ser fechado, o Sacerdote cerca o mesmo com pó de pemba criando um círculo protetor à sua volta e acende quatro velas brancas formando uma cruz, sendo uma na cabeça do tumulo, outra no pé, outra na esquerda e outra na direita. Este procedimento é para garantir a proteção do corpo e do espírito para que não seja profanado por espíritos malignos.
Este ritual não deve ser envolvido de tristeza e sim de alegria, pois o desencarnado está retornando para o plano eterno fora das ilusões e poderá retomar sua evolução de forma consciente se assim estiver preparado.
Irmãos minha intenção neste texto era exaltar a força de Pai Omulu e promover uma reflexão sobre a ideia de morte na Umbanda.
Viva a Vida e a Morte!
Salve Pai Omulu!
Saravá!
* Este texto é resumo de um seminário apresentado na Universidade do Sagrado Coração de Bauru (SP).
* O ritual de funeral apresentado é ensinado por Rubens Saraceni no curso de Sacerdócio Umbandista e multiplicado pelos Colégios coligados, e pode ser encontrado no livro “Doutrina e Teologia de Umbanda” da Editora Madras.

domingo, setembro 07, 2014

O que é ser médium?


Ser médium é... ter um dia daqueles e ainda ter força para vestir branco e trabalhar...
É escutar um conselho dirigido a uma pessoa, mas e...ntender que ele também é pra você...
É saber pisar devagar para não se machucar...
Ser médium é se aventurar em matas, praças e cemitérios para realizar tarefas pouco usuais...
É entender que é apenas um instrumento da fé de quem o procura;
É dormir na esteira no inverno para louvar o Orixá.....
É ser confundido com um médico só por estar todo de branco...
Ser médium é ver coisas que até Deus duvida...
É carregar guias e mais guias no pescoço...
É entender que elas não te fazem melhor ou pior...
É superar as pegadinhas do universo e chegar ao centro no horário combinado;
Ser médium é explicar, de uma vez por todas, que macumba é um instrumento musical...
É dar conselhos inimagináveis a um amigo sem perceber...
É entrar e sair imediatamente de um lugar suspeito, mesmo sem ter explicação...
É acordar de madrugada para fazer anotações sobre sonhos...
Ser médium é ter de esquecer os problemas pessoais na marra para poder auxiliar quem tem complicações ainda maiores, por mais improvável que isso possa parecer.
É entender que todo dia é um recomeço...
Ser médium é saber silenciar e escutar uma voz que, de longe, insiste em dizer: “VAI DAR TUDO CERTO. EU ESTOU COM VOCÊ”.


* Autor desconhecido

quinta-feira, setembro 04, 2014

segunda-feira, setembro 01, 2014

Conhecimento de causa Umbandista

É possível praticar Umbanda sem nenhum conhecimento, sem nenhum estudo, sem ter a mínima ideia de onde veio e para onde vai a Umbanda. No entanto, isso demonstra uma falta de interesse e de aprofundamento naquilo mesmo que afirmo querer bem.
Este perfil revela ignorância cultural e um comportamento oportunista de quem quer apenas se beneficiar do que a Umbanda pode lhe oferecer de bom, mas não quer se comprometer.
Identificar-se com a Umbanda é identificar-se com algo que existe no contexto social-urbano e não apenas uma experiência espiritual isolada. Embora muitas vezes o umbandista se sinta só, ele faz parte de uma egrégora e trabalha com espíritos que estão ligados uns aos outros como as contas de um colar, dentro de uma hierarquia de incontáveis espíritos que trabalham juntos e se ligam ao todo da Umbanda e da Criação.
Os Guias de Umbanda nunca estão sozinhos. Eles se manifestam em muitos lugares interligados como portas que se abrem para uma mesma e única realidade: a Umbanda no Astral. As manifestações de espíritos que assumem arquétipos pertinentes à Umbanda costumam ter uma mesma forma peculiar de trabalhar quando incorporados em seus médiuns.
Esta forma de trabalhar com a espiritualidade tem contexto histórico e é possível identificar quem, primeiro, realizou um trabalho com todo este conjunto de fatores fundamentais aos quais identificamos a Umbanda. Entre os fatores ou elementos que formam este contexto, podemos citar: Templo (mesmo que seja dentro de um quarto ou quintal), Altar (mesmo que seja apenas uma vela), roupa branca (na maioria das vezes, com exceções claro), defumação (mesmo que seja um incenso), magia (do uso das velas, patuás, banhos e pontos riscados), cantos (chamados pontos cantados e pronunciados em português), atendimento caritativo (os espíritos que se manifestam recebem as pessoas que lhes procuram para ouvi-las, aconselhar e fazer limpeza espiritual por meio de passes, benzimentos e outros) e a presença marcante das entidades Caboclo, Preto velho e Criança, no mínimo, entre outros que podem se manifestar como Exu, Pombagira, Baiano, Boiadeiro e Marinheiro.  Este trabalho, da forma como o conhecemos, tem uma origem histórica por meio de seu primeiro praticante desta liturgia, o médium Zélio Fernandino de Moraes.
O primeiro praticante é sempre o fundador de algo, independente dele se declarar como tal, ou não. Zélio nunca chamou a si nenhum título, mas sempre deixou muito clara sua história com o Caboclo das Sete Encruzilhadas. E o Caboclo das Sete Encruzilhadas, carinhosamente chamado de “O Chefe”, sempre afirmava com todas as letras, por meio da boca de seu médium, que veio trazer a Umbanda com este médium que teve sua primeira manifestação no dia 15 de Novembro de 1908, em meio a uma sessão Espírita. E conta, com detalhes, a história que todo aquele que se identifica com a Umbanda já deve conhecer.
Sim, este é, nas palavras de Pai Ronaldo Linares, o Pai da Umbanda!
E você? É umbandista ou, no mínimo, conhece a história desta linda e encantadora religião?

     

                                                                                           Alexandre Cumino - Umbanda, eu curto!