Nem sempre ser médium significa ser
uma pessoa imune a todos os males do mundo, as maldades da Terra. E por isso
mesmo que o Sacerdote sempre alertou seus filhos, “Não esqueçam seus banhos,
suas guias, seus patuás, eles os protegem de tudo menos da falta de fé”. Este
ensinamento era para ilustrar que quem tem fé supera tudo, quem tem fé não
tomba por pouca coisa.
Um filho estava
passando por problemas no seu trabalho, não conseguia concretizar negócios,
sentia-se passado para trás pelos colegas, e um peso muito grande nos ombros.
O filho havia
sonhado com animais lhe perseguindo, atacando-o, e ele não tinha nenhuma arma
para se defender. Acordava com muita angústia e desespero, procurou o Sacerdote
e este lhe avisou dos riscos que ele corria dentro de seu trabalho, muitos
olhares invejosos, pessoas querendo lhe sabotar e tomar seu lugar.
Disse ao filho
que pedisse auxílio à Ogum, Orixá da Lei, que defende aqueles que pedem socorro
e que merecem. Se o problema era pessoas passando por cima das regras para
obter vantagens e prejudicar inocentes, Ogum lhe ajudaria.
Era exatamente
mês de abril, mês de Ogum e o filho tratou de pedir ajuda ao Orixá guerreiro.
Fez seu pedido e ofereceu a Ogum um belo peixe.
Nas semanas que
se passaram ele notou certa tranqüilidade no ar, achou que já fosse o efeito da
oferenda, mas qual não foi sua surpresa quando descobriu uma grande falcatrua
feita por outra pessoa da empresa que colocara seu nome como feitor de tudo.
Desesperado,
conseguiu desfazer a tramóia e se safar milagrosamente, mas ficou muito
decepcionado, achou que Ogum não atendera seu pedido e ficou muito triste, conversou
com o Sacerdote e este lhe disse para ter fé, se apegar a sua fé em Ogum.
O médium torceu
para que o Sacerdote estivesse certo, e mais uma vez foi até os pés de Ogum no
Congá e pediu por defesa.
Na mesma noite
o médium sonhou novamente com os mesmos animais que o atacavam e novamente ele
se encontrava sem armas para defender-se, mas num último instante Ogum aparecia
em seu cavalo, defendia-o e matava as feras que tentavam pegá-lo.
Acordou se
sentindo melhor, o sonho havia lhe passado um pouco mais de confiança. Quando
ele chegou a empresa houve uma reunião para a apresentação de um novo gerente,
que assumiria o departamento e avaliaria o trabalho de todos.
Em uma semana aqueles que tentaram
de todas as formas derruba-lo foram uns transferidos outros demitidos. Seu
trabalho agora podia ser desempenhado de forma tranqüila e bem sucedida.
No fim da
semana ele correu até o Templo para agradecer a Ogum pela ajuda e pela graça
alcançada, pediu que sua fé continuasse firme e forte e que não se abalasse
facilmente. E no dia de sua festa, ofereceu uma grande oferenda a ele. Salve
Ogum!
Meu Axé a
todos. Salve a Umbanda!
Nosso irmão e colaborador do blog, Thiago Sá foi colunista do jornal por quase três anos e sua coluna, Quotidiano Umbandista descrevia situações corriqueiras ao dia a dia dos templos umbandistas. Sempre descritas como ficção.
O blog Aldeia do Sultão acha pertinente trazer de volta alguns do textos publicados ao invés de deixa-los guardados num arquivo de computador ou numa gaveta.
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