quarta-feira, dezembro 19, 2012

Obrigado






Mais um ano chega ao fim e o blog Aldeia do Sultão gostaria de agradecer à todos os visitantes que por aqui passaram.
O blog recebeu um grande número de visitas e esperamos que todos tenham encontrado aquilo que procuravam e tenham aprendido um pouco com o blog.
Há tanta coisa ainda pra ser postada e falada a respeito aqui e isso que nos motiva a continuar com esse projeto.
O blog deve passar por algumas mudanças que esperamos sejam para melhor e contamos com suas visitas e comentários (são super bem-vindos!) para nos ajudar a continuar com um blog dinâmico e interessante.
Obrigado mais uma vez por sua visita e que 2013 seja um ano muito melhor para todos, cheio de realizações e conquistas.
Possam os Orixás nos abençoar todos os dias com saúde e prosperidade.
Que nossos amados Guias e Mentores nos protejam sempre nos bons e maus momentos.
Que Oxosse nos faça vencedores todos os dias!
Pedimos a benção à Sultão das Matas para que o blog seja sempre uma boa fonte de conhecimento e ajuda aos interessados e que essa chama nunca se apague.
Saravá!
Feliz Natal, boas festas. Nos vemos em 2013. Axé axé axé!

Equipe Aldeia do Sultão.

domingo, dezembro 09, 2012

A Rainha do Mar



Filha de Olokun, Iemanjá nasceu nas águas. Teve três filhos: Ogum, Oxossi e Exu.
Conta a lenda que Ogum, o guerreiro, filho mais velho, partiu para as suas conquistas; Oxossi, que se encantara pela floresta, fez dela a sua morada e lá permaneceu, caçando; e Exu, o filho problemático, saiu pelo mundo.
Sozinha Iemanjá vivia, mas sabia que seus filhos seguiam seus destino e que não podia interferir na vida deles, já que os três eram adultos.
Comentava consigo mesma:
- Ogum nasceu para conquistar. É bravo, corajoso, impetuoso. Jamais poderia viver num lugar só. Ele nasceu para conhecer estradas, conquistar terras, nasceu para ser livre. Exu, que tantos problemas já me deu, nasceu para conhecer o mundo e dos três é o mais inconstante, sempre preparado surpresas; imprevisível, astuto, capaz de fazer o impossível, também nasceu para conhecer o mundo. Oxossi, meu querido caçula, bem que tentei prendê-lo a mim, mas no fundo sabia que teria seu destino. Ele é alegre, ativo, inquieto. Gosta de ver coisas belas, de admirar o que é bonito e é um grande caçador. Nasceu para conhecer o mundo também e não poderia segurá-lo...

Iemanjá estava perdida em seus pensamentos quando viu que, ao longe, alguém se aproximava. Firmou a vista e identificou-o: era Exu, seu filho, que retornara depois de tanto tempo ausente. Já perto de seu mãe, Exu saudou-a e comentou:
- Mãe, andei pelo mundo mas não encontrei beleza igual à sua. Na conheci ninguém que se comparasse a você!
- O que está dizendo, filho? Eu não entendo!
- O que quero dizer é que você é a única mulher que me encanta e que voltei para lhe possuir, pois é a única coisa que me falta fazer neste mundo!
E sem ouvir a resposta de sua mãe, Exu tomou-lhe à força, tentando violentá-la. Uma grande luta se deu, pois Iemanjá não poderia admitir jamais aquilo que estava acontecendo. Bravamente, resistiu às investidas do filho que, na luta, dilacerou os seis da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo que fez, Exu "caiu no mundo", sumindo no horizonte.
Caída ao chão, Iemanjá entre a dor, a vergonha, a tristeza e a pena que teve pela atitude do filho, pediu socorro ao pai Olokun e ao Criador, Olorun. E, dos seus seios dilacerados, a água, salgada como a lágrima, foi saindo, dando origem aos mares.
Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos Orixás, tendo como incumbência eterna ser o guardião, não podendo juntar-se aos outros, na corte.
Iemanjá que, deste modo, deu origem ao mar, procurou entender a atitude do filho, pois ela é a mãe verdadeira e considerada a mãe não só de Ogum, Exu e Oxossi, mas de todo o panteão dos Orixás.



segunda-feira, dezembro 03, 2012

IANSÃ

                                                                                                                                       *por Thiago Sá
 
Iansã e Santa Bárbara
 
É a Orixá da tempestade, dos ventos, do raio e do fogo.

Iansã usa amarelo ouro em suas velas, roupas e objetos. Gosta de palma amarela ou qualquer flor vistosa que brilhe como ouro.

Suas ervas são o manjericão, folha de bambu, alecrim, alfazema e folha de uva além da espada de Santa Bárbara.

Iansã é inseparável de Xangô, considerada por ele sua esposa predileta. Justamente ele, dono do trovão que vem junto com o vento, a tempestade e os raios de Iansã. Ela também compartilha do fogo com Xangô.

Iansã é guerreira de temperamento enérgico, tempestuoso e viril.

Gosta de comer melão, manga, lagostim, camarão fresco e seco, acarajé, pirão, xinxim de galinha e quiabo. Bebe champagne ou vinho branco doce.

Oferenda de feijão fradino e frango para Iansã
Costuma-se fazer à Iansã pedidos de graças merecedoras independente da origem, seja saúde, trabalho ou amor.

Não podemos esquecer que se trata de uma guerreira, portanto age impondo a lei e como mulher de Xangô traz consigo o senso de justiça.

Quando se louva Iansã, não se curva, não somente por não se tratar de uma divindade velha, mas porque na condição de guerreira ela não baixa a guarda em momento algum, mostrando novamente seu temperamento tempestuoso.

Iansã, uma das mais belas Orixás é sincretizada com Santa Bárbara, a virgem dos cabelos louros, que talvez por isso rendeu à Iansã a cor amarela. Santa Bárbara aparece empunhando uma espada novamente comprovando ser uma guerreira. Sua saudação cujo significado é desconhecido é “Epa Hei Iansã!”.

Quando incorporadas suas mensageiras dançam com grande beleza empunhando uma palma amarela, ou então dançam com as mãos semelhantes a leques que Iansã usa para se abanar e espantar o mal com o vento produzido por ele.

Suas cantigas contam que Iansã mora na pedreira, na cachoeira, que sua morada é a terra do ouro, que ela usa um abebê, o leque com o qual se abana e venta todo o mal para longe. Contam ainda que Iansã lutou e venceu várias guerras, que ela não teme nada nem ninguém.

 

Santa Bárbara virgem dos cabelos louros   (bis)

Mora na pedreira, na terra do ouro.   (bis)

 

Santa Bárbara é a dona do fogo, do raio, chuvisco e trovão.  (bis)

Epa Hei Iansã venceu guerra,  (bis)

Epa Hei com a espada na mão.

 

É festejada em 04 de dezembro e seu lugar de oferendas é a cachoeira, onde a água é forte, turbulenta e violenta como Iansã, ou então as pedreiras, casa de Xangô.
 

Arquétipo de seus filhos

 O arquétipo de Iansã é o das pessoas audaciosas, poderosas e autoritárias. Mulheres que podem ser fieis e de lealdade absoluta em certas circunstâncias, mas que, em outros momentos, quando contrariadas em seus projetos e empreendimentos, deixam-se levar a manifestações da mais extrema cólera. (Verger)*

 
Fator: direcionador

No positivo: são envolventes, risonhas, alegres, amorosas, mas sem pieguice (ridiculamente sentimental), possessivas com os seus, amigas e companheiras, leais, mulheres atiradas que tomam iniciativas ousadas, expeditas (desembaraçadas), ativas, ágeis no pensar e falar, são lideres natas.

No negativas: são emotivas, e se não se impõem, revoltam-se e abandonam quem não se se submetem a elas e logo estão estabelecendo novas ligações, em que se imporão.

Apreciam: festas, pessoas falantes e alegres, ambientes enfeitados e coloridos, viagens a passeio, homens envolventes, trabalhos agitados.

Não apreciam: homens introvertidos, reuniões monótonas, amizades egoístas, ambientes conservadores, trabalhos ou deveres monótonos, comidas pesadas, roupas pesadas, (a prisão) da vida domestica, a repetição das mesmas coisas no seu dia-a-dia.

Obs.: estatura média e compleição curvilínea bem delineada, tendendo para o sensualismo. 

 

 * Trecho retirado do livro “Orixás” de Pierre Verger, 1996.

 

terça-feira, novembro 20, 2012

VAMOS SAIR DA IGNORÂNCIA EM NOME DOS ORIXÁS



De tempos em tempos, aparece algum caso de crime relacionado com Magia Negativa, associado ao mal, chamado vulgarmente de Magia Negra.
De tempos em tempos, vemos associarem alguns destes crimes à Umbanda, ao Candomblé ou aos Cultos Afros em geral.
São crimes bárbaros, macabros mesmo, com mortes de crianças e estupros, motivados pelo que há de pior e mais baixo no ser humano.
Enquanto nós ficamos aqui dizendo que isto não tem nada a ver com Umbanda, Candomblé e Cultos Afros; os criminosos, presos, se identificam com estas nossas amadas religiões e ainda dizem fazer pactos com satã, demônio, quando não colocam os nomes sagrados de nossos guias e orixás no meio de seus crimes hediondos e passionais.
SABEMOS que nossa religião é linda, que não faz pactos, que não existe demônios em nossos cultos.
Há anos, venho batendo na mesma tecla: Umbanda é Religião e só pode fazer única e exclusivamente
o bem!
Enquanto isso, pessoas que nem tem idéia do que seja religião continuam abusando de nossos
fundamentos e valores de forma negativa e invertida.
O conceito sobre religião está totalmente banalizado e distorcido, qualquer um cria uma nova religião e faz o que quer com ela, esta é a verdade.
Sempre lembro a primeira definição de Umbanda dada por seu fundador, o primeiro umbandista, Zélio
de Moraes e sua entidade Caboclo das Sete Encruzilhadas: Umbanda é a manifestação do espírito
para a prática da caridade!
Enquanto isso, no próprio seio da Umbanda, convivemos com praticantes que não tem a menor idéia
de quem foi, ou o fez, o primeiro umbandista.
Pessoas que "dirigem" terreiros, que se denominam sacerdotes (pai de santo, mãe de santo, padrinho,
madrinha…) e proíbem seus médiuns de estudar.
O medo e a ignorância são portas abertas para as trevas interiores e exteriores.
É aqui que o EGO, a vaidade e os vícios mais baixos do ser humano se instalam.
E todos os dias vemos anúncios de pessoas oferecendo "serviços" de magias negativas em nome de
nossos sagrados valores,
de nossa religião, de nossos guias e orixás. Deitam e rolam com os nomes de exu e pombagira, usam
e abusam.
As pessoas continuam procurando um atalho, um caminho mais fácil, para externar seu negativismo
acumulado, não querem dor, não querem crescer, não querem assumir seus atos, não querem ser
conscientes, querem apenas satisfazer os sentidos viciados
no mundo das ilusões, das paixões que arrastam para atitudes emocionais animalizadas e instintivas.
Ainda se vê na figura do médium um poder de manipular vidas!
Um poder de manipular o destino, um poder que pode ser comprado, negociado.
NÃO EXISTE OUTRA SAIDA PARA A RELIGIÃO, É PRECISO MUDAR O SENSO COMUM, É PRECISO
ALCANÇAR O INCONSCIENTE COLETIVO!
E A UNICA FORMA É COM EXEMPLO E NÃO APENAS COM PALAVRAS.
Um consulente pode apenas frequentar um terreiro, sem ter a mínima idéia do que seja a Umbanda.
Um consulente, um simples frequentador, pode se denominar católico, ateu, à toa e o que quiser…
Este consulente pode, sim, ele pode ser totalmente ignorante…
UM MÉDIUM NÃO PODE SER IGNORANTE!!!
UM MÉDIUM E PRATICANTE DE UMBANDA É FORMADOR DE OPINIÃO, SEMPRE!!!
O MÉDIUM É O TEMPLO DA RELIGIÃO!!! NÃO PODE SER O TEMPLO DA IGNORÂNCIA!!!
Umbanda não é e não pode ser para pessoas ignorantes.
E aqui fica bem claro o sentido e significado da palavra ignorante: aquele que ignora algo.
Não se pode praticar Umbanda de forma ignorante, sem saber o que está sendo praticado.
Quando não estamos bem, e todos passamos por momentos e períodos de negatividade, é o
conhecimento, a razão, que nos mantém dentro de limites e parâmetros seguros. O médium
ignorante torna-se uma porta aberta para as trevas.
E vamos continuar vendo casos e mais casos em que a ignorância rouba, assalta, o nome da
umbanda e de nossas entidades.
COMO VAMOS MUDAR ISSO???
Ignorância se vence com conhecimento e estudo…

Alexandre Cumino

Fonte - Umbanda On Line

quarta-feira, novembro 14, 2012

15 de Novembro - Dia da Umbanda

Celebramos a existencia da Umbanda e de todos os mentores, guias e protetores, dos Orixás e das linhas de trabalho que fazem da Umbanda uma religião tão bonita e cheia de harmonia.
Que as leis da Umbanda de amor ao próximo, fé e caridade sejam levadas com seus filhos de fé por onde andarem.
Que possamos todos nos tornarem melhores diante das bençãos dos nossos guias e Orixás.
Que as nossas crianças continuem a nos dar harmonia, felicidade e bondade.
Que os Caboclos continuem a nos dar força e determinação.
Que os Pretos Velhos continuem a nos dar paciencia, tolerancia e principalmente humildade.
Que possamos levar ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá, para sempre.
Saravá a Umbanda!

Família da Aldeia do Sultão.

segunda-feira, novembro 05, 2012

A Filha de Olorum

 

E sua majestosa voz ecoou pelo alto, pelo embaixo, pela esquerda e a direita, pelo a frente e o atrás, pelo envolta. Por determinação do pai - mãe de Todos, uma nova religião nasceria sob solo brasileiro. Era sua filha mais nova, a Umbanda.
E um verdadeiro rebuliço começou no Orum, pois logo o mais respeitado dos Orixás se ergueu de seu Trono e disse que ele seria o responsável e sustentador maior da religião. Oxalá abençoava o nascer da mais nova filha de Olorum, e a assumia dos Seus Divinos Braços. Nela a espiritualidade e a fé estariam presentes, como aceleradora da evolução de todos. Não existiriam dogmas, e apenas um grande fundamento: Amor e Caridade.

E logo começaram a chegar os Orixás, todos também abençoando e apadrinhando a nova filha de Olorum. Ogum e Iansã, os mais emocionados de todos, diziam que protegeriam a nova religião com as armas da Lei. E então a voz trovão de Xangô ecoou, pelos quatro cantos do Orum, dizendo que ele seria a Justiça a favor de todos. Sua palavra seria Lei, e os filhos de Umbanda nada temeriam, pois todos são filhos de Rei, o Rei Xangô.
Também apresentou a todos sua mais nova esposa, Egunitá a quente irmã mais nova de Iansã. Ela que era “fogo puro” encantou a todos, e disse que protegeria a Umbanda.
E assim a filha mais nova de Olorum ganhou seus dois padrinhos: a Lei Maior e a Justiça Divina.
Mas algo engraçado aconteceu. Muitos espíritos vindos de um dos muitos bairros do Orum, Aruanda, disseram que eles seriam os trabalhadores e a linha de frente da religião, além de assumirem a condução dos médiuns umbandistas.
Oxalá que é o senhor das formas, e pai da Umbanda, consentiu e determinou que por homenagem ao povo negro e indígena, todos assumissem a forma de Caboclos e Pretos - velhos.
E logo chegou Oxossi de uma de suas muitas caçadas, e assumiu toda a linha de Caboclos, tornando - se o Rei dos Caçadores. Distribuiu um diadema que os caboclos trazem até hoje, o diadema ganho do Rei das Matas.
E o velho Obaluayê junto de Nanã, abençoou todos os espíritos anciões que se consagravam ao trabalho da linha de pretos - velhos. Concedeu a eles a sabedoria que só o passar do tempo pode conceder. E todos se transformaram em ótimos conselheiros e curadores, principalmente das chagas da alma.
E por falar em tempo, ele também estaria presente. Oiá - Tempo (xará de Iansã – Oiá), seria responsável pelas força do tempo dentro da nova religião. E como ela é muito observadora e vamos dizer, bastante desconfiada, seria a guardiã da fé e dos processos da religiosidade. E "ai" de quem pisasse na bola da religiosidade. Lá estaria Oiá com seu olhar congelante...
Iemanjá que é uma “mãezona" queria que todos espíritos que se manifestassem para a caridade pudessem ser aceitos no ritual, sabe como é, "em coração de mãe sempre cabe mais um". E assim ficou decidido, pois ninguém tem coragem de negar um pedido da encantadora Rainha do Mar. E a Umbanda acolheria a todos, caso viessem para prestar a caridade. Surgia então, as muitas linhas de trabalho, como baianos, marinheiros, boiadeiros e os muitas vezes renegados pelo próprio povo de origem, os ciganos...
E de repente apareceu Oxum, perguntando que festa era aquela. Quando ficou sabendo que era o nascimento da mais nova filha de Olorum, começou a chorar e a abençoou com suas lágrimas que caíam de seus olhos como duas enormes cachoeiras. (ela é muito chorona, mas não gosta que a gente fale sobre isso...)
E de presente a ela, chamou Oxumaré, que transformou tudo em cores e disse que renovaria e embelezaria tudo com seu axé colorido.
E junto do seu arco – íris vieram os encantados da natureza, as crianças que seriam a alegria da Umbanda.
O “time” estava quase completo, quando da terra surgiu o amado Tata Omulu e Obá. Não muito sorridentes, para falar a verdade bem sérios e um pouco secos, disseram que também fariam parte da nova religião. Que queriam ver seus cultos renovados, e que seriam a força do elemento terra. Obá que depois de muitas desilusões, nada mais queria com Xangô, resolveu unir – se a Oxossi, e ajuda – lo a disseminar o conhecimento.
Omulu que é muito calado colocou – se do lado de Iemanjá, dizendo que a guardaria por todo o sempre. Na verdade até umas lágrimas foram vistas cair de seus olhos, negros como a noite. Ele é meio incompreendido, mas quem o conhece sabe que é o mais amoroso dos Orixás.
Todos estavam comemorando, quando não sabe - se direito porque, uma confusão começou, e ninguém mais sabia o que iria fazer. Oxalá que muitas vezes já tinha sido enganado por “ele”, não seria novamente. Logo disse:
_ Laroiê Exu! Você também é convidado a participar da nova religião. Será responsável pela esquerda de todos. Mas vai ter que seguir as Leis de Xangô, e será acompanhado de perto por seu querido irmão Ogum!
Uma gargalhada soou por todo Orum, e Exu apareceu. Junto dele a mais bela moça, Pombagira. Exu ficou feliz, disse que agora teria Pombagira para dividir seu trabalho, mas que não abriria mão de ser sempre o primeiro a ser firmado. Não porque ele era aparecido, mas sim porque era ele quem guardaria os templos e casas de Umbanda.
E muito esperto que era, disse:
_ Olha, eu vou supervisionar o trabalho junto com Pombagira. Mas vou deixar uns espíritos trabalhando com a minha força fazer o trabalho. Afinal o que o homem faz, o homem que desfaça. E também o meu irmão Oxossi é senhor da linha de caboclos, porque eu não posso ser senhor da Linha de Exu?
Bom, começaram umas discussões, mas acabou acertado que o Orixá Exu atuaria na Umbanda, a partir de sua linha de trabalho. Seria a linha que faria o trabalho pesado, além de serem os guardiões dos médiuns, e dos templos de Umbanda.
E assim todos os Orixás muito emocionados, deram as mãos e começaram a orar pelo sucesso da mais nova filha de Olorum.
E então o Pai e Mãe de Todos se manifestou:
“Meus amados filhos Orixás, a Vós eu consagro minha filha nova e dileta, a Umbanda. Que ela transforme – se em uma religião semeadora de luz, alegria e compaixão. Que seja espiritualista e universalista, que esteja aberta a todos de bom coração”.
“E que em sua pedra fundamental esteja escrito o seu único dogma: Amor e Caridade!”
E de Si Sete intensas irradiações partiram, e envolveram sua filha querida. Todos emocionaram – se e agradeceram a Olorum, por essa benção a humanidade.
Quase cem anos passaram, e a Umbanda cresceu um bocado.
Transformou – se em uma linda jovem, amorosa e alegre. Amparada por seu Pai Oxalá, e seus padrinhos, a Lei Maior e a Justiça Divina, ela vai vencendo todos os obstáculos.
Os seus trabalhadores conquistaram o coração das pessoas. Todos correm para escutar a palavra de sabedoria do preto – velho, ou a conversa pura e alegre da criança.
Os caboclos transformaram – se na linha de frente da Umbanda, trazendo as qualidades dos nossos amados pais e mães Orixás. Onde existe um Pena Branca, lá está a paz e serenidade de Oxalá. Onde trabalha um Sete Espadas, está os olhos da Lei.
Exu e Pombagira se fizeram presentes tornando – se sinônimos de proteção e cumprimento da Lei, seja na seriedade do Tranca – Ruas, no olhar penetrante do seu Capa Preta, ou na força da Rainha Maria Padilha.
Todos os espíritos podem se manifestar para a caridade, como um dia pediu a “mãezona” Iemanjá, surgindo assim a alegria dos muitos “Zés” que trabalham na Umbanda.
E principalmente a Umbanda tornou – se sinônimo de amor e caridade, de luz e evolução espiritual.
Esse texto é apenas uma fábula, uma lenda ou um Itan, que presta também sua homenagem a filha mais nova de Olorum. E um pedido para que enfim as pessoas entendam, que existe algo maior que a “minha” ou “a sua” Umbanda. Simplesmente existe A UMBANDA, filha querida de Olorum, que encanta a todos os Orixás, e enche os olhos do velhinho e amoroso Oxalá de lágrimas de felicidade e amor...

(Sepe, em homenagem a Umbanda, essa linda religião universalista, doada a todos nós pelos amados Pais e Mães Orixás).
 
*Fonte - Genuína Umbanda

terça-feira, outubro 30, 2012

Conversando Sobre Exu

 

Dizem que Exu é um homem sério, castigador, espírito sem compaixão alguma. Muitos falam que nem mesmo sentimento essas entidades apresentam. Muitos temem Exu, relacionando - o com o Diabo ou com algum monstro cavernoso que a mente humana é capaz de criar.
Bem, dia desses, no campo santo de meu pai Omulu, vi algo inusitado que me fez pensar...
Um desses Exus Caveiras, que apresentam essa forma plasmada como meio de ligação a falange pertencente, chorava sobre um túmulo. Discretamente, isso devo dizer, afinal os Caveiras em sua maioria são de natureza recatada e introspectiva, mas chorava sim. Engraçado pensar nessa situação, não é mesmo? Ele chorava pelos erros do passado, chorava por uma pessoa a qual amava muito, mas não mais perto dele estava. Claro, sabia que ninguém morria, mas a saudade e o remorso apertavam fundo seu coração.
Isso acontece muito no plano espiritual, onde muitas vezes os laços são quebrados devido às diferenças vibratórias. Na verdade o laço não se quebra, apenas afrouxam - se um pouco...


Mas, voltando a nossa história, fiquei a pensar muito sobre aquele tipo de visão. Pensei que ninguém acreditaria em mim caso eu contasse esse "causo", afinal, Exu é homem acima do bem e do mal, exu não tem sentimento, exu não chora...
E para aqueles então que endeusam "seu" Exu, pensando ser ele um grande guardião, espírito da mais alta elite espiritual, espírito corajoso, sem medos, violento guerreiro das trevas. Exu acaba assumindo na Umbanda um arquétipo, ou mito, tão supra - humano, que muitas vezes ele deixa de ser apenas o mais humano das linhas de Umbanda. Arquétipo esse, diga - se de passagem, muito diferente do Orixá Exu, arquétipo base para a formação do que chamamos de Linha de Esquerda dentro do ritual de Umbanda.
É, eu acho que todo Exu chora. Assim como eu e você também. Inclusive, todo mundo chora, pois todos temos dores, remorsos e tristezas. Isso é humano. Mas, voltando ao campo santo...

Logo vi um Exu, vestindo uma longa capa preta, se aproximar do triste amigo Caveira. O que conversaram não sei, pois não ouvi, e muito menos dotado da faculdade de ler os pensamentos deles eu estava. Mas uma coisa é certa: Os dois saíram a gargalhar muito!
"Engraçado, como é que pode? Tava chorando até agora, e de repente sai rindo de uma hora pra outra?" _ pensei contrariado.

Fiquei alguns dias refletindo sobre isso, e cheguei a uma conclusão. A principal característica de um Exu é o seu bom - humor. Afinal, mesmo em situações muito complicadas, eles sempre têm uma gargalhada boa para dar. Na pior situação, mesmo que de forma sarcástica, eles se divertem. Ele pode escrever certo por linhas tortas, errado por linhas retas, errado em linhas tortas ou sei lá mais o que, mas uma coisa é certa, vai escrever gargalhando.
Admiro esse aspecto de Exu. Tem gente que de tanto trabalhar com Exu torna - se sério, "faz cara de mau", vive reclamando da vida além de tornar - se um grande julgador.
A verdade é que nunca vi Exu reclamar de nada, nem julgar a ninguém. Pelo contrário, o que vejo é que Exu nos ensina a não reclamar da vida, pois tem gente que passa por coisa muito pior e o faz com honra e... Bom - humor!

Vejo também que Exu não julga ninguém, afinal, quem é ele, ou melhor, quem somos nós para julgarmos alguém? Exu ensina que o que nós muito condenamos, assim o fazemos porque isso incomoda. E saber por quê? Porque tudo que condenamos está em nós antes de estar nos outros.
Por isso Exu não gosta daquele que é um falso pregador, aquele que vive dizendo como os outros devem agir, vive dizendo o que é certo, vive alertando os outros contra a vaidade, vive julgando, mas no dia - dia pouco aplica as regras que impõe para os outros. O mundo está cheio deles. E Exu sorri quando encontra um desses. Mais para frente eles serão engolidos por si mesmos. Pela própria sombra. Mas Exu não ri porque fica feliz com isso, muito pelo contrário, ele até sente por aquela pessoa. Mas já que não dá pra fazer outra coisa, o melhor é sorrir mesmo, não é?
O certo é que a linha de Exu nos colocar frente a frente com o inimigo! Mas aqui não estamos falando de nenhum "kiumba", mas sim de nós mesmos. O que eu já vi de médium perdendo a compostura quando "incorporado" com Exu não é brincadeira. Muitos colocam suas angústias pra fora, outros seus medos e inseguranças, muitos seus complexos de inferioridade. Tudo isso Exu permite, para que a pessoa perceba o quanto ela é complicada e enrolada naquele sentido da vida.
Mas dizem que o pior cego é aquele que não quer ver, e o que tem de gente que não quer enxergar os próprios defeitos...
E não sobra opção a Exu, a não ser sorrir e sorrir mesmo quando nós nos damos mal.
Mas, ainda falando dos múltiplos aspectos contraditórios de Exu, pois ele é a contradição em pessoa, devo ainda relatar mais uma experiência contraditória em relação a sua natureza.

Dia desses, depois de um "pesado trabalho de esquerda", fiquei refletindo sobre algumas coisas. E sempre que assim eu faço, algo estranho acontece.
Nesse trabalho, muitos kiumbas, espíritos assediadores, obsessores, eguns, ou sei lá o nome que você queiram dar, foram recolhidos e encaminhados pelas falanges de Exu que lá estavam presentes. Sabe como é, na Umbanda, a gente não pega um livro pesado e começa a doutrinar os espíritos "desregrados da seara bendita". A gente entra com a energia, com a mediunidade e com os sentimentos bacanas, deixando o encaminhamento e "doutrinação" desses amigos mais revoltados nas mãos dos guias espirituais.
Esse trabalho foi complicado. Muitos, na expressão popular, estavam "demandando o grupo", ou seja, estavam perseguindo nosso grupo de trabalho e assistência espiritual, pois tinham objetivos e finalidades diversas e opostas. Ninguém tinha arriado um ebó na encruzilhada contra a gente, eram atuações vindas de inteligências opostas ao trabalho proposto e atraídas pelas "brechas vibratórias" de nossos próprios sentimentos e pensamentos. Mas que na Umbanda ainda acha - se que tudo que acontece de errado é culpa de algum ebó na encruzilhada, isso é verdade...
Bom, o que sei é que alguns dias depois, durante a noite, enquanto eu dormia, alguém me levou até um estranho lugar. Eu estava projetado, desdobrado, desprendido do corpo físico, ou qualquer outro nome que vocês queiram dar. Fenômeno esse muito estudado por diversas culturas espiritualistas do mundo. Fenômeno esse muito comum também dentro da Umbanda, mas pouco estudado, afinal, muitos pensam que Umbanda é "só incorporar" os guias e de preferência de forma inconsciente! Sei, sei...Olha Exu gargalhando novamente!
Nesse local, um monte de espíritos eram levados até a mim e eu projetava energias de cura em relação a eles. Vi várias pessoas projetadas no ambiente, inclusive gente muito próxima, do grupo. Alguns pouco conscientes, outros ainda nada conscientes. Mas, o importante era e energia mais densa que vinha pelo cordão de prata e que auxiliava no tratamento daqueles irmãos sofredores.
Por quanto tempo fiquei lá não sei, afinal a noção de tempo e espaço é muito diferente no plano astral. O que sei é que em um certo momento um Exu, que tomava conta do ambiente, veio conversar comigo:
_Tá vendo quanto espírito a gente tem "pego" daquelas reuniões que vocês fazem? _ perguntou o amigo Exu.
_ Nossa, quantos, muito mais do que eu podia imaginar.
_ E isso não é nada, comparado aos milhares que chegam, diariamente, "nas muitas casas" dos guardiões da Umbanda espalhados pelo Brasil.
_Poxa, mas isso é sinal que o pessoal anda trabalhando bem, não é mesmo?
_ Hahahaha, mas você é um idiota mesmo, né? Desde quando fazer isso é um bom trabalho? Milhares chegam, mas sabem quantos saem daqui? Poucos! A maioria também para servir as falanges de Exu. O grande problema é que os médiuns de Umbanda, pouco ou nada cuidam dos que aqui ficam precisando de ajuda.
_ Nossa missão aqui é transformar os antigos valores desses espíritos, mesmo que seja através da dor. Mas, depois disso, muitos precisam ser curados, tratados. E dessa parte os umbandistas não querem nem saber!
_Ah, ainda eu pego o maldito que disseminou que Umbanda só serve para cortar magias negras e resolver dificuldades materiais. Vocês adoram falar sobre amor e caridade, mas quase ninguém se importa em vir até aqui cuidar desses que vocês mesmos mandaram para cá.
_ É que muitos não sabem como fazer isso amigo! _ tentei eu defender os umbandistas.
_ Claro que não sabem! Só se preocupam em "cortar demandas", combater feitiços e destruir "demônios das trevas". Grandes guerreiros! Mas nada fazem sem os vossos Exus, parecendo mais grandes bebês chorões querendo brincar de guerra!
_ Lembre - se bem. Todos que a mão esquerda derrubar terão que subir pela mão direita. Essa é a Lei. Comecem a se conscientizar que ninguém aqui gosta de ver o sofrimento alheio. Comecem a ter uma visão mais ampla do universo espiritual e da forma como a umbanda relaciona - se com ele.
_Dedique - se mais a esses que são encaminhados nos trabalhos espirituais. Ore por eles, faça uma vibração por eles, tratem - os com a luz das velas e do coração. Busquem o conhecimento e forma de auxiliá - los.
_Quero ver se amanhã, quando você não agüentar mais o chicote, e não tiver ninguém para te estender a mão, você vai achar tão "glamuroso" esse ciclo infernal de demandas, perseguições e magias negativas. Isso aqui é só sujeira, ódio, desgraça e tristeza. Poucos têm coragem de pousar os olhos sobre essas paragens sombrias.
_ É, isso é verdade. Muitos falam, mas poucos realmente conhecem a verdadeira situação do astral inferior a qual a Umbanda e toda a humanidade está ligada, não é mesmo?
_Hahaha, até que você não é tão idiota! Olha, vou dar um jeito de você lembrar essa conversa ao acordar. Vê se escreve isso pros seus amigos umbandistas! E para de reclamar da vida. Quer melhorar? Trabalhe mais!
_ Tá certo seu Exu Ganga. Só mais uma coisa. Um dia desses li num livro que Ganga é uma falange relacionada ao "lixo". Mas você apresenta - se como um negro e ao julgar por esses facões nas vossas mãos, acho que nada tem a ver com o lixo...
_ Lixo é esse livro que você andou lendo! Ganga é uma corruptela do termo Nganga, do tronco lingüístico bantu. Quer dizer "o mestre", aquele que domina algo. O termo foi usado por muitos, desde sacerdotes até mestres na arte da caça, da guerra, da magia, etc. Algo parecido com o Kimbanda, mas esse, mais relacionado diretamente a cura e a prática de Mbanda. A linha de Exus Ganga é formada por antigos sacerdotes e guerreiros negros. É isso! Vê se queima a porcaria do livro onde você leu essa besteira de "lixo"...
Pouca coisa lembro depois disso.
Despertei no corpo físico, era madrugada e não fui dormir mais. Agora estou acabando de escrever esse texto, onde juntei duas experiências em relação a Exu. Não sei porque fiz isso, talvez pelo caráter desmistificador da sua figura.
Pra falar a verdade, essas duas estórias são bem diferentes. Primeiro um Exu que chora, sorri e ensina o bom - humor, o auto - conhecimento e o não julgamento. Depois um Exu que preocupa - se com o "pessoal lá de baixo". Diferente, principalmente daquilo que estamos acostumados a ouvir dentro do meio umbandista.
Talvez Exu esteja mudando. Talvez nós, médiuns e umbandistas, estejamos mudando. Talvez a umbanda está mudando.
Ou, quem sabe, a Umbanda e Exu sempre foram assim, nós que não compreendemos direito aquilo que está muito perto de nós, mas é tão diferente ao mesmo tempo.
Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver...


Por Fernando Sepe, retirado do Jus
Fonte - Genuína Umbanda

quarta-feira, outubro 17, 2012

Umbanda, eu curto!

O médium sai de sua casa ou trabalho, vai até o seu Centro/Terreiro, se prepara, incorpora, atende a todos que o procuram e, cansado, ao final da noite, retorna para sua casa. Se isso não for uma mostra inequívoca de amor ao próximo, nada mais é.

Por Daniel Marques
Editor - Umbanda, eu curto!

domingo, outubro 07, 2012

Umbanda de Outras Bandas

Como é que você louva Orixá, faz uma bonita oferenda ou simplismente cozinha uma boa comida de Santo em homenagem à Eles se nessa terra não se acha quase nada?!?!
Já foi mais difícil e as vezes ainda é.
Não quero dizer que na Nova Zelândia não se acha nada do que precisamos para louvar nossos Orixás e Entidades através de comida. Tudo vai depender de que região você mora e o tamanho da sua cidade.
Morando no "fim do mundo" como eu moro, numa das cidades mais ao sul do planeta com pouco mais de 50 mil habitantes (o que pra Nova Zelândia é um tamanho normal de cidade) as coisas ficam bem mais complicadas do que se eu morasse em Auckland com seus 1.2 milhões de habitantes.
Agradeço ao povo chines, fijiano e indiano pois são eles que fazem minha vida mais fácil, mesmo que seja na base da mandioca congelada. E ao BrazilExpress que vende umas coisinhas na internet como farinha de mandioca e canjica.
Como a oferta de frutas e legumes não se compara com a do Brasil esse setor também complica. As pimentas andam NZD$89.00 por kilo! O que faz uma farofa de Exu ficar bem salgada... A mesa de Caboclo não se compara pois paga-se por volta de NZD$5.00 pela unidade da manga, melão, mamão e abacaxi. Pois é.
Entendo que Orixá aceita, agradece e abençoa aquilo que você oferecer à Ele pois quando vindo do coração tudo é bem aceito e é isso que me fez, depois de muita frustração, começar a modificar meus conceitos e entender que não precisa ser uma farofa com 21 pimentas ou uma cesta com mais frutas que o chapéu da Carmen Miranda, e sim o amor e fé que você coloca nas coisas.
A Umbanda não vive só de velas e charutos e a comida tem uma importância muito grande dentro da nossa liturgia. A comida ou ajeun é a comunhão entre os guias e os seguidores, é uma maneira de presentearmos e agradecermos, são usadas como remédios e quando todos os presentes se reunem e compartilham da comida de Santo, nossa função como família e comunidade é mais do que aparente.
Eu e Eli, depois de cada trabalho, sentamos à mesa e comemos o que foi deixado pelos Guias e dividimos tudo o que sobrar.
Cozinhar para o Santo é um prazer que eu adquiri através da minha mãe que sempre fez deliciosas comidas. Foi testando e aprendendo comidas de Santo que desenvolvi a paixão pela cozinha e acabei indo pra faculdade e me tornei um cozinheiro. Axé!!!

segunda-feira, outubro 01, 2012

Rita Ribeiro - Cocada




Ai meu Deus se eu pudesse
Eu abria um buraco
Metia os pés dentro criava raiz
Virava coqueiro trepava em mim mesmo
Colhia meus côcos meus frutos feliz
Ralava eles todos com cravo e açúcar
E punha no tacho pra fazer cocada
Depois convidava morenas e loiras
Mulatas e negras pra dá uma provada
Depois satisfeito de tanta dentada
Na boca de todas eu me derretia
Aí novamente eu abria um buraco
Metia os pés dentro com toda alegria
Virava coqueiro trepava em mim mesmo
Colhia meus côcos fazia tachada
Com cravo e açúcar ficava roxinho
Ficava doidinho pra ser mais cocada
Côco, côco, cocada, Côco, côco, cocada,
Côco, côco, cocada, Côco, côco, cocada,
Depois satisfeito de tanta dentada
Na boca de todas eu me derretia
Aí novamente eu abria um buraco
Metia os pés dentro com toda alegria
Virava coqueiro trepava em mim mesmo
Colhia meus côcos fazia tachada
Com cravo e açúcar ficava roxinho
Ficava doidinho pra ser mais cocada
Côco, côco, cocada, Côco, côco, cocada,
Côco, côco, cocada, Côco, côco, cocada,
Côco, côco, cocada, cocada pra sinhô, cocada pra sinhá
Côco, côco, cocada, cocada pra ioiô, cocada pra iaiá

quinta-feira, setembro 27, 2012

Saravá Cosme e Damião!!!! Salve Ibeji!!!

 
Na Umbanda IBEJI conhecido como Orixá-criança, duas divindades gêmeas, sincretizadas aos Santos Católicos Cosme e Damião. Protetor das crianças e determinados para a regência da infância até a adolescência. Abençoam os partos, os lares, trazendo saúde e prosperidade. Estão relacionados a tudo que brota, que se inicia: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas. São associados ao principio da dualidade. Valorizam as brincadeiras, o sorriso, a alegria, a espontaneidade e a ingenuidade; enfim, tudo que se possa associar ao comportamento típico-infantil.
É importante saber que o Orixá IBEJI não “incorpora” na Umbanda, pois são representados pelas “Crianças” que se manifestam nos Médiuns e gostam de ganhar doces, brinquedos, frutas, etc.
No candomblé Ibejis são divindades gêmeas infantis, é um orixá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual.Divide-se em masculino e feminino,(gêmeos).
No oyó cultua-se como erês ligado a qualidades de xangô e oxum. Popularmente conhecido como xangô e oxum de ibeji.Os orixás gêmeos protegem os que ao nascer perderam algum irmão (gêmeo), ou tiveram problemas de parto. Em algumas casas de candomblé e batuque são referidos como erês (crianças) que se manifestam após a chegada do orixá chamados de axé erês ou axêros. Em outras são cultuados como xangô e ou oxum crianças. Porém na verdade são orixás independentes dos erês.Por serem gêmeos, estão ligados ao princípio da dualidade e de tudo que vai nascer, brotar e criar.

A IBEJI não se engana nunca, sob pena de quem o fizer, perder o gosto pela vida não vendo nenhuma motivação para a alegria e o prazer. Ao lidarmos com IBEJI não devemos esquecer que estamos em contato com uma energia infantil, a qual não devemos nada prometer se não pudermos cumprir. IBEJI ajuda sempre aos que lhes são simpáticos a troco de nada, no entanto, se prometermos teremos que cumprir.



CONHECENDO MAIS DAS CRIANÇAS DA UMBANDA

Seus filhos de santo são pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconseqüente; nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam ser brincalhonas, sorridentes, irrequietas – tudo, enfim, que se possa associar ao comportamento típico infantil. Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem então revelar-se teimosamente obstinadas e possessivas.
Ao mesmo tempo, sua leveza perante a vida se revela no seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar, sua dificuldade em permanecer muito tempo sentado, extravasando energia. Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em termos emocionais, reduzindo, às vezes, o comportamento complexo das pessoas que estão em torno de si a princípios simplistas como “gosta de mim – não gosta de mim”. Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com certa facilidade.
Ao mesmo tempo, suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem deixar grandes marcas. Como as crianças em geral, gostam de estar no meio de muita gente, das atividades esportivas, sociais e das festas.
A grande cerimônia dedicada a estes orixás acontece a 27 de setembro, dia de São Cosme e Damião, quando comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto aos orixás como aos freqüentadores dos terreiros. O sacrifício destinado a Ibeji é de frangos e frangas de leite, pequenos. As comidas são as servidas na festa, descritas acima. Os Ibeji não possuem otá, e em seus altares podem ser encontrados freqüentemente brinquedos. Suas cores principais são o vermelho e o verde, mas todas as cores acabam fazendo parte das roupas de seus filhos de santo e de alguns colares usados por eles
Nota-se a influência de IBEJI no comportamento das pessoas, quando nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram.
Seu dia festivo é 27 de setembro, dia da consagração a São Cosme e São Damião, que eram médicos e dedicaram suas vidas as crianças pobres, sem receberem dinheiro pelos seus serviços. A popularidade desses Santos irritou um cônsul Romano, numa época em que os Cristãos eram perseguidos. Forma presos, torturados e por fim degolados por recusarem a abdicar de sua Fé, isto no ano de 287 durante o Império de Diocleciano.
Em muitos Terreiros, sempre Os chamam para a limpeza espiritual, da assistência e dos Médiuns, após sessões pesadas na maioria das vezes encerram com IBEJI.

Fonte:
www.candomblebra.blogspot.com
(I.C.U.C.7.P)

terça-feira, setembro 18, 2012

Conhecendo a Umbanda

 

Adorei as Almas!!!
Preto-velho na Cultura Brasileira e na Umbanda
Por Alexandre Cumino
Pai Antonio foi o primeiro preto-velho a se manifestar na Religião de Um­banda em seu médium Zélio Fer­nandino de Morais onde se esta­be­leceu a Tenda Nossa Senhora da Pie­dade. Assim, ele abriu esta “linha” pa­ra nossa religião, introduzindo o uso do cachimbo, guias e o culto aos Orixás.
O “Preto-velho” está ligado à cul­tura religiosa Afro Brasileira em geral e à Umbanda de forma especí­fica, pois den­tro da Religião Umban­dista este termo identifica um dos elementos for­madores de sua litur­gia, representa uma “linha de tra­balho”, uma “falange de espíritos”, to­do um grupo de mentores espi­ri­tuais que se apresentam como ne­gros anciões, ex-escravos, conhe­ce­­dores dos Orixás Africanos.
São trabalhadores da espiritua­lidade, com características próprias e cole­tivas, que valorizam o grupo em detri­mento do ego pessoal, ou seja, são simplesmente pretos e pretas velhas como Pai João e Vó Maria, por exem­plo.
Milha­res de Pais João e de Avós Maria, o que mostra um trabalho desper­sonalizado do elemento indivi­dual valorizando o elemento coletivo identificado pelo ter­mo genérico “preto-velho”. Muitos até dizem “nem tão preto e nem tão velho” ainda assim “preto velho fulano de tal”. A falta de informa­ção é a mãe do precon­ceito, e, no caso do “preto-ve­lho”, muitos que são leigos da cultura religiosa Umbandista ou de origem africana desconhecem valor do “preto-velho” dentro das mes­mas.
Preto é Cor e Ne­gro é Raça, logo o ter­mo “preto-velho” tor­na-se caracte­rís­tico e com sentido ape­nas dentro de um con­texto, já que fora de tal contexto o termo de uso amplo e irres­trito seria “Negro Vel­ho”, “Negro An­cião” ou ainda “Ne­gro de idade avan­çada” para iden­ti­fi­car o ho­mem da ra­ça ne­gra que encon­tra-se já na “terceira idade” (a melhor ida­de). Por conta disso alguns sentem-se des­con­for­táveis em utilizar um ter­mo que à primeira vista pode parecer des­respei­toso ao citar um amável senhor negro, já com suas madeixas bran­cas, cachimbo e sorriso fácil, por trás do olhar de homem sofri­do, que na humildade da subju­gação forçada e escrava encontrou a liberdade do espí­rito sobre a alma, através da sabedoria vinda da Mãe África, na figura de nossos Orixás, vindo de encontro à imagem e resignação de nosso senhor Jesus Cristo.
Alguns preferem chamá-los ape­nas de “Pais Velhos” o que é bonito ao ressaltar a paternidade, mas ao mesmo tempo oculta a raça que no caso é motivo de orgulho. São eles que sou­be­ram passar por uma vida de escravidão com honra e nobreza de caráter, mais um motivo de or­gulho em se auto-afirmar “nêgo véio” e ex-escravo; talvez as­sim se man­tenham para que nunca nos esque­çamos que em qualquer situa­ção temos ainda opor­tunidade de evo­luir. Quanto mais adver­sa maior a oportu­nidade de dar o testemunho de nos­sa fé.
O “preto-ve­lho” é um ícone da Umban­da, resu­min­do em si boa parte da filosofia um­ban­dista. Assim, os es­pí­ritos desen­car­­nados de ex-es­cravos se iden­ti­fi­cam e muitos ou­tros que não foram escra­vos, nesta con­dição, as­sim se apre­sentam tam­bém em home­nagem a eles, por tê-los como Mes­tres no astral.
No imaginário po­pular, por falta de informação ou por má fé de al­guns formadores de opinião, a ima­gem do “preto-velho” pode estar asso­ciada por alguns a uma visão preconceituosa, há ainda os que se assustam “com estas coisas” pois não sabem que a Um­banda é uma religião e como tal tem a única proposta de nos religar a Deus, mani­festando o espírito para a caridade e de­senvol­vendo o senti­mento de amor ao pró­ximo. Não existe uma Umbanda “boa” e uma Umbanda “ruim”, existe sim única e exclusi­vamente uma única Umbanda que faz o bem, caso con­trário não é Umbanda e assim é com os “Preto-velhos”, todos fazem o bem sem olhar a quem, caso con­trário não é de fato um “preto-velho”, pode ser alguém disfarçado de “velho-negro”, o “preto velho” tra­balha única e exclusivamente para a caridade es­piritual.
São espíritos que se apresentam des­ta forma e que sabem que em essência não temos raça nem cor, a cada encarnação, temos uma expe­riên­cia diferente. Os pretos velhos trazem consigo o “mistério ancião”, pois não bas­ta ter a forma de um velho, antes, precisam ser espíritos amadurecidos e reconhecidos como irmãos mais velhos na senda evo­lutiva.
Quanto menos valor se dá a for­ma, mais valor se dá à mensagem, e “preto-velho” fala devagar, bem bai­xinho; quando assim se pronun­cia, to­dos se aquietam para ouví-lo, parece-nos ouvir na língua Yorubá a pa­la­vra “Atotô”, saudação a Oba­luayê que quer dizer exatamente isso: “silêncio”.
Nas culturas antigas o “velho” era sempre respeitado e ouvido co­mo fonte viva do conhecimento an­ces­tral. Hoje ainda vemos este cos­tume nas culturas indígenas e ciga­nas. Algumas tradições religiosas man­têm esta postura frente o sacer­dote mais velho, trata-se de uma he­rança cultural religiosa tão antiga quan­to nossa memória ou nossa his­tória pode ir buscar, tão antigos também são alguns dos pretos velhos que se manifestam na Umbanda.
Muitos já estão fora do ciclo reen­carnacionista, estão libertos do karma, já desvendaram o manto da ilu­são da car­ne que nos cobre com paixões e ape­gos que inexora­vel­mente ficarão para trás no caminho evolutivo.
Por tudo isso e muito mais, no dia 13 de Maio, dia da libertação dos es­cravos eu os saúdo: “Salve os Pre­tos Velhos! Sal­ve as Pretas Velhas! Adorei as Almas! Sal­ve nosso Amado Pai Obaluayê, Atotô meu Pai! Salve nossa Amada Mãe Nanã Buroquê, Saluba Nana!”
Usamos para eles velas brancas ou bicolores, metade preta e metade bran­ca, tomam café e fumam cachimbo.

domingo, setembro 09, 2012

Umbanda, eu curto!

Faça de seu Terreiro/Tenda/Centro uma verdadeira comunidade. Cumprimente, sorria, colabore, participe, estenda a mão. Inspire os outros pelo exemplo, reverencie nossos Orixás e estimule todos a fazerem mais, sem olhar a quem.

Por Daniel Marques
Editor - Umbanda, eu curto!

quarta-feira, setembro 05, 2012

Quotidiano Umbandista - No Coração, a Umbanda

 
Ela começou na Umbanda bem jovem. Uma vizinha vinda do Rio de Janeiro montou nos fundos da casa um Congá, e lá deu início a uma Tenda de Umbanda.
Lembra-se que depois da primeira visita passou o medo e começou entender que se tratava de uma religião, e pouco tempo depois já vestia branco e começava a “girar”.
Ela trabalhou por muitos anos naquela casa. Desenvolveu-se com suas Entidades, constituiu família e educou seus dois filhos conforme as Leis da Umbanda.
Com a morte da Dirigente da casa e de seu fechamento, quase vinte anos depois, se viu sem lugar para seguir sua missão. Mas sentia que seus Guias queriam continua-la.
Começou então a procurar outra casa para seguir sua caminhada.
Encontrou um Centro de Umbanda próximo de casa, que ela passou a freqüentar na assistência, pois preferiu conhecer a forma de trabalho da casa para depois se decidir por entrar.
As roupas, os fios de contas e outras coisas eram diferentes, mas a Umbanda estava ali presente.
Quando estava inclinada a procurar o Dirigente da casa, para saber se poderia fazer parte do corpo mediúnico, soube que a casa estava sendo fechada, pois devido ao trabalho do Dirigente ele mudaria para o interior. Fazia seis meses que ela freqüentava a casa, e quando realmente havia se decidido, era tarde.
Passou a freqüentar outro Cento de Umbanda, mas este era um tanto deturpado.
Os trabalhos terminavam altas horas da madrugada, o comportamento das Entidades era estranho, muitos palavrões, gritarias, pessoas caídas pelo chão e como dizem, “muito cacique para pouco apito”. Todos pareciam ser a Mãe de Santo, mandando e desmandando uns aos outros.
O tempo que ela ali “perdeu” não lhe ajudou na escolha. E por mais que aquela casa se intitulasse Umbanda, aquela não era a Umbanda que ela havia praticado.
Dentro de si ela ainda sentia a força de seus Guias, e a vontade deles de trabalhar a fez continuar em busca de uma casa onde ela se sentisse bem.
Conheceu uma Mãe de Santo muito simpática, que lhe convidou a conhecer sua casa de Orixá. Com pouca idade, ela parecia ser muito dedicada à religião, sua casa era bonita, havia vários filhos, mas nada era o que parecia ser.
Pouco tempo depois, quando ia chegando para mais um dia de toque, o terreiro estava fechado, e assim ficou até ser descoberta a verdade. A Mãe de Santo havia fugido, pois tinha o nome sujo na praça além de ter um filho de Santo casado como amante.
Era isso o que faltava, e decepcionada, resolveu dar um tempo.
Passou três anos sem pôr os pés num Centro de Umbanda. Perdeu a esperança de um dia voltar a incorporar seus Guias.
Passados estes três anos, decidiu que não ia mais trabalhar e que devia despachar suas coisas. Sua família se formou na Umbanda e sempre a acompanhou em suas decisões, e agora não seria diferente.
Apesar da tristeza, sua filha e seu genro a levaram numa mata que conheciam onde passava um pequeno rio. Chegaram à mata carregando suas roupas, fios de contas, objetos das Entidades, tudo para ser entregue.
Mas antes de tudo, a persistente médium que conheceu a Umbanda bem jovem, e que agora era uma mãe de família com seus quarenta anos, incorporou seu Caboclo que há seis anos não baixava.
O caboclo muito sereno sentou-se no chão com a filha e o genro da senhora e lhes falou para recolher tudo aquilo e levar de volta para casa, mas para a casa dele, que ainda ia ser construída.
O Caboclo determinou que seu “cavalo” fundasse um Congá do tamanho que fosse, e que ali retomasse sua missão de acordo com o que ela havia aprendido. E que ali seria um Congá de amor e fé na Umbanda, coisas que ela nunca perdera em seu íntimo.
Emocionada o casal se prontificou em atender a determinação do Caboclo, que foi embora deixando sua mensagem.
Seis meses depois, com a ajuda de toda a família, estava pronto o Congá que o Caboclo havia pedido. Ali, a médium reencontrou sua Umbanda tão querida e voltou a praticar a caridade, a qual pratica até os dias de hoje com a benção dos Guias e Orixás.
Meu Axé à todos. Salve a Umbanda!                            03/06/2003



O Jornal Tambor foi uma das publicações direcionadas à religiões afro-descendentes mais importantes no início dos anos 2000. Criado e idealizado pela Yalorixá Sandra Epega o jornal sempre pregou pelo diálogo inter-religioso, cultura de paz e sempre deu espaço para todos as tradições religiosas.
Nosso irmão e colaborador do blog, Thiago Sá foi colunista do jornal por quase três anos e sua coluna, Quotidiano Umbandista descrevia situações corriqueiras ao dia a dia dos templos umbandistas. Sempre descritas como ficção.
O blog Aldeia do Sultão acha pertinente trazer de volta alguns do textos publicados ao invés de deixa-los guardados num arquivo de computador ou numa gaveta.






quarta-feira, agosto 08, 2012

Aprendendo Sempre - O uso do Fumo e Bebidas na Umbanda



O fumo, Tabaco, é considerado uma "Erva de Poder", usada há milênios pelos povos indígenas, considerado sagrado com larga utilização em seus trabalhos de cura, pajelança e xamanismo.
"Tudo que é sagrado traz o divino e as virtudes para nossas vidas, sempre que profanamos algo sagrado atraímos a dor e o vício."
Assim, o mesmo tabaco que cura em seu aspecto sagrado também vicia e traz a dor quando utilizado de forma profana. Industrializado no formato de cigarro, o fumo traz além da nicotina mais de 4.250 outros agentes tóxicos, prejudicial à saúde, sendo causador de várias doenças, o câncer entre elas. Resultado do uso profano...
Algo muito parecido acontece com o Álcool que como "Bebida de Poder" atrai forças e poderes das divindades, também utilizado para curas.
Dentro do conceito elemental, o fumo é o vegetal que traz os elementos terra e água, quando utilizado no fumo e defumação traz os elementos ar e fogo. Resumindo, o fumo é uma defumação direcionada, que traz além do vegetal os quatro elementos básicos (terra, água, ar e fogo) para trabalhos de magia prática.
O Sopro por si só traz efeitos terapêuticos e espirituais muito valorosos e eficazes nos trabalhos de cura e limpeza, que somado ao poder das ervas é potencializado muitas vezes em resultados largamente vistos durante os trabalhos de Umbanda.
O Álcool é do elemento água, provindo de um vegetal (a cana), que se sustenta na terra, altamente volátil no ar e considerado o "fogo líquido", de fácil combustão.
Tanto o Fumo quanto o álcool são utilizados para desagregar energia negativa, queimar larvas e miasmas astrais e, no caso do álcool, para desinfetar e limpar no externo e no interno já que pode ser ingerido. Logo, as entidades de Umbanda não têm vício e nem apego a esses elementos, não bebem além de alguns poucos goles e nem tragam a fumaça que é manipulada apenas.
Alguns guias chegam a cuspir em recipientes adequados, a famosa "caixinha", que fica ao seu lado,para neste ato evitar ao máximo a ingestão da nicotina e de outros elementos que não interessam para o trabalho e muito do que vem pela química industrial.
O Astral tem nos ensinado muitos recursos para evitarmos o uso de cigarros industrializados no Templo. No reino vegetal, temos ervas de várias propriedades, que quando combinadas e ativadas (queimadas) tornam-se grandes condutores energéticos, descarregadores, energizadores e equilibradores.
Então, seguem algumas receitinhas:
Façam charutos para caboclos com as seguintes ervas piladas: sálvia, alfazema e calêndula, pode ser enrolada na palha, o caboclo aceita esta receita que é muito boa e funciona tanto quanto um charuto bom e natural, sem a química.
Para preto velho,faça o fumo de cachimbo com sálvia, alecrim, folha de café e urucum.
Para Exu, troque o cigarro comum por charutos ou cigarrilhas. Para Pomba Gira, troque o cigarro por cigarrilha. Temos a opção para Exu de pilar sálvia, cravo vermelho seco e levante, e para Pomba Gira podemos usar sálvia, hibisco e rosa vermelha. Cabe a nós facilitarmos o trabalho das entidades.
Erroneamente, algumas pessoas acreditam que Exu tem que beber garrafas de "marafo" (álcool, água-ardente, pinga), assim como baianos e outras linhas, pensam que marinheiro "enche a cara" e vem embriagado, quando sua "embriaguez" é a energia e a vibração do mar que ele traz.
Os Guias manipulam estas bebidas onde temos para elas o nome de "curiador" (a bebida correta para cada linha de trabalho), sendo assim:
. Caboclos bebem cerveja ou vinho tinto;
. Pretos-velhos bebem café e, em alguns casos, já presenciamos utilizarem vinho;
.Crianças bebem guaraná e suco de frutas, mas também presenciamos algumas que tomam outros tipos de refrigerante;
. Baianos bebem água de coco ou batida de coco;
. Boiadeiros bebem cerveja escura;
. Marinheiros bebem rum, e alguns bebem cerveja clara;
. Exus bebem a "marafa" (pinga). Alguns bebem uísque ou vinho; embora não seja comum, já vimos alguns que bebem cerveja;
. Pombas-Giras bebem champanhe ou sidra.
É imprescindível o "marafo" no trabalho de Exu, mas não para beber em demasia. A bebida é usada para manipulação magística, é colocada no ponto, na tronqueira, lavam os instrumentos etc. No caso de Exu, sua vibração é mais densa, por isso pode-se antes da incorporação passar um pouco de pinga nas mãos, pés, testa e nuca, assim o médium sentirá sua vibração baixar, facilitando a conexão da incorporação.
Se numa determinada situação é preciso derrubar mais a vibração orgânica é quando possivelmente a entidade toma um golinho de "marafo". Dependendo do trabalho, pode ser preciso ingerir mais, com a intenção de manipular e canalizar esta energia, nada além disso.
Uma outra função da bebida, muito usada pelas linhas da direita, é usá-la como o "contraste", usado pela medicina tradicional.
Quando algum problema de ordem física está ocorrendo, eles magnetizam a bebida, tal como vinho, água de coco, água pura, batida etc., e pedem para o consulente ingerir uma pequena quantidade, aí eles conseguem visualizar outras coisas no organismo, é como um check-up mais apurado.
Mas atenção: se tiver preto-velho virando garrafas de vinho, baianos matando litros de batida, então algo está fora da doutrina e da educação mediúnica.
Umbanda é Luz, e onde não houver bom senso e ética, não tem Umbanda.
* por Rodrigo Queiroz (Este texto é parte integrante do material de apoio do curso on line "Oferendas na Umbanda")

domingo, agosto 05, 2012

Umbanda, eu curto!

De nada adianta acender velas, incensos e outros materiais se a sua mente e seu coração não estiverem realmente no foco do que você quer. Esqueça as mágoas, tristezas e incertezas e se concentre na sua energia. Tudo fluirá.

Por Daniel Marques
Editor – Umbanda, eu curto!

domingo, junho 24, 2012

Xangô

O Rei da Umbanda, Senhor do fogo e do trovão, Orixá da Justiça, Xangô, Kaô!






Todos os anos os filhos e amigos da Aldeia de Caridade se reunem e preparam uma festa grande com muito amor e dedicação para celebrar o Orixá das Montanhas.



A casa toda enfeitada recebe Xangô, Iansã e nossos queridos Baianos trazendo muito Axé à todos os presentes.




segunda-feira, junho 18, 2012

Aprendendo Sempre

COMO NASCE UM TERREIRO DE UMBANDA


Para explicar melhor este tema, vou contar uma breve história fictícia, mas que ocorre em muitas ocasiões.

Geralmente , o adepto de hoje da Umbanda é aquela pessoa que depois de passar por médicos, curandeiros, pastores, padres, adivinhos, gurus e outros tantos, encontra alguém que lhe sussurra ao ouvido:

- Eu conheço uma Mãe de Santo que vai resolver a sua vida.

Pacientemente, ele vai, com muita desconfiança, ao terreiro e ao chegar, encontra várias pessoas vestidas de branco e quase pensa que foi levado a um hospital, pois está diante de enfermeiros.

Passado um pouco, ele ouve os atabaques soarem e tem “inicio” uma cantoria”, totalmente desconhecida para ele.

Depois de ouvir alguns cânticos, algumas pessoas vestidas de branco se ajoelham, batem no peito e soltam um grito longo e estridente; outras se abaixam como tivessem muita idade.

Nesse momento, ele está muito confuso e pensa que foi parar num manicômio. Sente uma vontade enorme de se ir embora, mas alguém o chama e resolve entrar.

Alguém lhe diz:

- Venha falar com o Preto Velho.

-Com quem? Pergunta ele, sem entender nada do que se passa á sua volta.

- Com o “Pai João”, - esclarece a pessoa vestida de branco.

Ele olha para a frente, e para os lados do terreiro, e fala:

Não vejo nenhum Preto Velho, - nem vai ver, responde a pessoa de branco – ele está incorporado na “Mãe Laurentina”, o chefe do terreiro.

- Venha, ele está á sua espera.

Ele, então, ajoelha-se à sua frente, em um banquinho de madeira, e leva logo com uma baforada de cachimbo na cara. Não consegue entender nada do que fala a entidade, pois é um tal “mi zi fio” e “mi zi fio” para cá e para lá, e nada......não entende nada mesmo. Finalmente, um Cambono percebe o embaraço em que se encontra e, traduz tudo aquilo que o Preto Velho falou.

Após alguma conversa com a entidade, ele fica a saber que é médium e que necessita de se vestir de branco para começar a trabalhar no terreiro. Se ele for uma pessoa vaidosa, vai pensar:

“Que bom, sou médium”. Mas se é uma pessoa humilde, pensa: “E agora? O que é que eu faço com isto?”

Mais tarde, o cambono explica-lhe que, ao começar a trabalhar no terreiro, a sua vida irá melhorar gradualmente.

Como ele já passou por vários lugares e nada mais tem a perder, concorda com a idéia e, na semana seguinte, já começam os seus trabalho de Desenvolvimento Mediúnico.

Após algum tempo de trabalho espiritual, tal como cambonear as Entidades, e desenvolvendo a sua mediunidade, ele sente a sua vida mais equilibrada e quando menos espera ajoelha-se, bate no peito e grita. Ocorre nesse momento, a sua primeira incorporação. Passa o tempo e ele servindo de “cavalo” às suas entidades, começa a aprender o porquê da ritualística, e começa a entender melhor a Doutrina Umbandista.

Num tempo inesperado, realiza o grande ritual do Bori e assenta as suas Entidades e começa a dar consultas e passes mediúnicos.Cada vez mais, as suas Entidades são procuradas pelos assistentes. Começa então o seu maior problema; os ciúmes de alguns médiuns mal preparados mental e espiritualmente.

Um dia, um desses Médiuns, chega ao pé da Mãe de Santo e diz: “Ele está a querer o teu lugar”.

A mãe de Santo determina, então muito democraticamente: “ A partir de hoje, cada médium só pode dar três consultas”. A situação torna-se cada vez mais complicada e totalmente insustentável e um dia ele pega na imagem da sua entidade e, se depara que está fora do terreiro.

Vai para casa, coloca a imagem em cima do armário do seu quarto e, se é mulher, deita-se e chora a noite inteira; se é homem, fala meia dúzia de palavrões, jura que nunca mais volta a incorporar e pensa que os seus problemas acabaram. Grande Engano: é aí que eles começam.

Alguns assistentes que se consultavam com as suas Entidades ficam preocupados com a sua ausência e começam a indagar o seu paradeiro.

Alguém chega a estas pessoas e diz: ”Olha, ele não trabalha mais aqui, mas sei aonde ele mora”. Começa então uma romaria a casa do médium e essas pessoas pedem-lhe que os ajude, pois estavam a ser consultadas pelas suas Entidades e os trabalhos ficaram pela metade. Pedem então que o médium incorpore pelo menos uma vez para terminar o trabalho que tinha sido começado.

O médium tira a imagem de cima do armário e, ali mesmo, na sala ou na cozinha, incorpora as Entidades para atender aquelas pessoas.

A procura pelo médium torna-se cada vez mais intensa e os trabalhos passam a ser realizados na garagem. Nessa altura, alguém mais preocupado diz: “Vamos abrir legalmente um terreiro antes que a polícia nos prenda”. Está funcionando mais um terreiro de umbanda com seus novos adeptos.

Quando o terreiro é bem dirigido, cresce material e espiritualmente, aumentando cada vez mais o número de médiuns, cambonos e assistentes. Se o terreiro não é bem dirigido, dará origem a novos médiuns descontentes, que possivelmente, originarão outros terreiros.

Esse é um dos motivos do crescimento da Umbanda, muitas vezes de forma desordenada, muitas vezes sem a devida preparação de seus dirigentes.

E sem entender nada, a sua missão estava realmente a começar......!

Texto extraído do livro"Iniciação á Umbanda" de Ronaldo Antonio Linares, Diamantino Fernandes Trindade e Wagner Veneziani costa - Editora Madras