quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Aprendendo Sempre - Preceito

PRECEITO: s.m. Aquilo que se aconselha fazer ou praticar; regra, ensinamento: os preceitos da religião.
 Ação de prescrever; prescrição.
Religião. Norma ou mandamento.
(Etm. do latim: praeceptum.i)

 
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Toda profissão, todo esporte, toda lei, toda religião tem seus preceitos. Parece-me que a vida humana e social é regida dentre outras coisas por preceitos.
E isso não é diferente na Umbanda. Todo umbandista, do mais veterano ao mais novato, sabe dos preceitos básicos para participar de um trabalho espiritual e é, talvez, uma das poucas coisas que são igualmente presentes em todos templos de Umbanda, diferenciando apenas um ou outro preceito mais específico de templo a templo.  Embora seja algo de conhecimento comum, observamos muitos negligenciarem preceitos fundamentais, ou seja, de fundamento.
Vivemos um período novo na Umbanda, de muita comunicação, de farta informação, estudos e acessos. No entanto, o ônus disso é muitas vezes a confusão, a dispersão ou mesmo a negação daquilo que é tradicionalmente fundamental em detrimento de uma “nova” consciência.  Hoje encontramos discursos inflamados e até mesmo bem construídos querendo desconstruir preceitos que são o que são porque foram assim ensinados pelos espíritos na Umbanda.
Alegar, parafraseando Jesus, que o mais importante é o que sai pela boca e não o que entra, validando assim comer carne e beber álcool em dias de trabalho espiritual é uma grande falta de entendimento básico sobre o que é preceito, bem como um ato de ignorância diante da mística da religião.
Sei que existem preceitos sem precedente e outros bem exagerados, talvez na minha ótica, pois não os pratico em meu Templo. Porém, o fato de eu não conhecer ou praticar não invalida um preceito particular.  Realmente precisamos distinguir o que é preceito e o que é superstição; talvez seja aí onde nos esbarramos com muitos conflitos.
Preceitos são orientações importantes para nortear e conectar o fiel numa dinâmica mais profunda com sua espiritualidade. Muitas vezes pode parecer até purgativo e quanto mais difícil parecer um preceito, mais eficácia reflexiva ele oferece ao fiel. Pois é, na proibição daquilo que lhe é rotineiro em função de algo maior, que surge a reflexão sobre a diferença entre o Sagrado e o Profano, sobre sua capacidade de dedicação e comprometimento, sobre a sua disponibilidade em ser mais eficiente e mesmo sobre a real importância da religião na sua vida. Já vi muitos casos de pessoas se reformarem ao observar com dedicação os preceitos.
Para vegetarianos o preceito de não comer carne um dia antes do trabalho espiritual não significa nada; ele, de certa forma, vive este preceito todos os dias.  Assim, neste caso, o indivíduo não precisa abrir mão de nada, de modo que não propõe nenhuma reflexão no período.
Numa ótica litúrgica, preceitos tem, portanto, o objetivo que religar (religare) o fiel com o Sagrado. No entanto, como na Umbanda existem questões mais complexas, consideramos o plano das energias e todos e tudo como energias, então os preceitos contemplam as particularidades que viabilizam maior sutilização e purificação do campo energético e magnético daqueles que participam do trabalho espiritual.
Perceba que em nenhum momento digo que os preceitos servem apenas aos médiuns, embora muitos acreditam que sejam. Um erro. Os preceitos servem para todos que compõem o corpo interno de trabalhadores da Gira, ou seja, médiuns, cambones, curimba e todos com qualquer outra função que estejam participando diretamente do trabalho espiritual. Portanto, somente a consulência está livre das orientações preceituais.
Então, compreenda que os preceitos não são opcionais e tem fundamento.
Abaixo listo alguns preceitos básicos e comuns:
Banho de Ervas – Antes de ir para o Templo, tem como objetivo limpar e sutilizar o campo energético em camadas mais superficiais. O modo de preparo e as ervas a serem utilizadas é específico a cada Templo;
Consumo de carne – Não comer carne 24 h antes do trabalho espiritual (mínimo 24h). E é todo tipo de carne. Tem como objetivo minimizar os impactos vibratórios densos mais internos ocasionados pela ingestão destes alimentos. A carne é impregnada de energia densa, por conta do sangue, muitas vezes do sofrimento no abate e criação. Sua digestão também é lenta e isso altera nosso metabolismo e faz concentrar muita energia na digestão. Após 24 h nosso campo energético já terá metabolizado este magnetismo e terá retomado o padrão;
Ingestão Alcoólica – O elemento etílico é potencialmente densificador vibratório e magnético, impregnando o campo áurico de uma energia desestabilizadora. Após ingerir bebida alcoólica desde que moderadamente, demora cerca de 24 h para ser metabolizado pelos chakras e para o padrão vibratório se restabelecer;
Relação Sexual – Evitar relação sexual 24 h antes dos trabalhos. Muitos questionam que se praticam o sexo com parceiro fixo, cheio de amor, então deveria ser revisto este preceito. Esta ideia tem como precedente uma visão errada do sexo de que seria ele algo nocivo. Mas não se trata nada disso.  A observação deste preceito se dá, pois, com ou sem amor, na relação sexual o campo energético em todas escalas é inundado pela energia do parceiro, alterando completamente a estrutura magnética do seu campo vibratório, o que dificulta a fusão magnética entre as entidades e os indivíduos. Após 24 h já terá sido metabolizado e restituído o padrão magnético do indivíduo.
Existem muitos outros preceitos mais específicos, mas aqui pontuei superficialmente os 4 básicos que encontraremos em qualquer templo.
Sendo assim, fica o alerta para que você filho de fé da Umbanda observe, respeite e pratique com empenho os preceitos. Isso lhe dará maior consciência religiosa, maior entrosamento espiritual e é uma das dinâmicas construtoras de uma espiritualidade religiosa mais refinada.
Ser Umbandista é contemplar em prática diária com amor tudo aquilo que aprendemos no Templo.

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