A Quaresma e o próprio
nome revela, é um período de 40 dias que tem início após as festas ditas
profanas (carnaval), culminando no domingo de páscoa. Tem como finalidade,
segundo os católicos, preparar o indivíduo, mediante processos de conversão e
penitência, para a expurgação de influências carnais e mundanas e a absorção de
valores sagrados. Tal período litúrgico, afirmam alguns, se consolidou no final
do século III, tendo sido citado no 1° Concílio (Assembléia) Ecumênico de
Nicéia, no ano 325.
Não obstante respeitarmos esta prática religiosa,
própria dos católicos, devemos ter em mente que tal habitualidade pertence ao
catolicismo, e não a Umbanda. E por quê então um número razoável de terreiros
fecham suas portas, suspendendo as atividades espírito-caritativas durante este
período?
1° Influência
dos tempos de Catolicismo:- muitas pessoas que hoje são dirigentes Umbandistas,
no passado professavam a religião católica. Converteram-se à Umbanda, mas
esqueceram-se de deixar na antiga religião preceitos próprios da mesma.
2°
Justificação para longas férias: - encontram no período católico da Quaresma o
meio ideal de justificarem sua vontade particular de descanso, de deleites
materiais, sem serem alvos de críticas por estarem suspendendo atividade de
auxílio espiritual aos necessitados, uma vez que a maioria não sabe o que é
quaresma.
Os
Umbandistas, consoante o que foi mencionado, devem ter consciência e convicção
de que os terreiros são verdadeiros pronto-socorros espirituais e jamais poderão
fechar suas portas a médiuns e assistentes. Ou será que a tristeza, a
frustração, as demandas, as doenças, e outras situações negativas deixam de
afligir as pessoas durante a quaresma?
Sejamos
sensatos. A Umbanda é religião cristã. É fato. Não significa, no entanto, que
tenhamos de aplicar atos litúrgicos alienígenas à mesma. Se os católicos
são de opinião que a melhor forma de expiar suas faltas é jejuar e fazer
penitência, ficando na última semana dos 40 dias a chorar o sofrimento de Jesus,
preceitos deles, respeitamos e parabenizamos se realmente o fizerem.
Nós
umbandistas somos sabedores que o Meigo Nazareno não quer que soframos por Ele,
mas sim que coloquemos em prática suas lições de amor, fé, caridade e
fraternidade, virtudes que pregou quando encarnado, como alicerces seguros para
a evolução da humanidade. Reverenciemos o
Cristo da Galiléia com trabalhos espirituais, que não podem parar, pois que o
socorro é sempre urgente. A Umbanda é a manifestação do espírito para a
caridade. E caridade é Jesus em ação.
Já na Umbanda uma Linha
espiritual, a dos Ciganos, respeitam a Semana Santa, pois uma legião de
espíritos trabalhadores ainda muito ligados a Terra, respeitando os preceitos de
seus Irmãos encarnados que são muitos religiosos.
A
chamada Semana Santa ocorre no primeiro domingo depois da Lua Cheia, a data
acontece sempre no dia de 21 de março(dia do equinócio¹) ou logo após, nunca
antes desta data. Sendo assim, a cada ano a Semana Santa é comemorada numa data
diferente o que faz com que a Páscoa seja uma festa “móvel”
Semana Santa
em 2012 – 06 de abril
É curioso que
a seqüência de datas da festa de Páscoa somente é repetida a cada 5.700.000
anos(aproximadamente) no calendário Gregoriano. ¹ “Os equinócios
ocorrem nos meses de março e setembro e definem as mudanças de estação. No
hemisfério norte a primavera inicia em março e o outono em setembro. No
hemisfério sul é o contrário, a primavera inicia em setembro e o outono em
março.” Fonte: Wikipédia
A Semana Santa para a Umbanda e para o
Espiritismo
Todo ano, a
cena se repete. Chega a época dos feriados católicos da chamada “Semana Santa” e
surgem as questões: 1. Como o
Espiritismo encara a Páscoa;Sexta-feira Santa”?;
2. Qual o procedimento do
espírita no chamado “Sábado de aleluia” e “Domingo de Páscoa”?;
3. Como fica
a questão do “Senhor Morto”?
Sabe que chego a surpreender-me com as
perguntas. Não quando surgem de novatos na Doutrina, mas quando surgem de velhos
espíritas, condicionados ao hábito católico, que aliás, respeitamos muito. É
importante destacar isso: o respeito que devemos às práticas católicas nesta
época, desde à chamada época, por nossos irmãos denominada de quaresma, até às
lembranças históricas, na maioria das cidades revividas, do sacrifício e
ressurgimento de Jesus.
Só que embora o respeito devido, nada temos com isso
no sentido das práticas relacionadas com a data.
São práticas religiosas
merecedoras de apreço e respeito, mas distantes da prática espírita. É claro que
há todo o contexto histórico da questão, os hábitos milenares enraizados na
mente popular, o condicionamento com datas e lembranças e a obrigação católica
de adesão a tais práticas.
Para a Doutrina Espírita, não há a chamada “Semana
Santa”, nem tão pouco o “Sábado de aleluia” ou o “Domingo de Páscoa” (embora
nossas crianças não consigam ficar sem o chocolate, pela forte influência da
mídia no consumismo aproveitador da data) ou o “Senhor Morto”. Trata-se de
feriado e prática católica e portanto, não existem razões para adesão de
qualquer tipo ou argumento a tais práticas.
É absolutamente incoerente com a
prática espírita o desejar de “Feliz Páscoa!”, a comemoração de Páscoa em
Centros Espíritas ou mesmo alteração da programação espírita nos Centros, em
virtude de tais feriados católicos.
E vejo a preocupação de expositores ou
articulistas em abordar a questão, por força da data… Não há porque fazer-se
programas de rádio específicos sobre o assunto, palestras sobre o tema ou
publicar artigos em jornais só porque estamos na referida data.
É óbvio que
ao longo do ano, vez por outra, abordaremos a questão para esclarecimento ou
estudo, mas sem prender-se à pressão e força da data.
Há uma influência
católica muito intensa sobre a mente popular, com hábitos enraizados, a ponto de
termos somente feriados católicos no Brasil, advindos de uma época de dominação
católica sobre o país, realidade bem diferente da que se vive hoje. E os
espíritas, afinados com outra proposta, a do Cristo Vivo, não têm porque
apegar-se ou preocupar-se com tais questões. Respeitemos nossos irmãos católicos, mas
deixemo-los agir como queiram, sem o stress de esgotar explicações. Nossa
Doutrina é livre e deve ser praticada livremente, sem qualquer tipo de
vinculação com outras práticas.
Com isso, ninguém está a desrespeitar o
sacrifício do Mestre em prol da Humanidade. Preferimos sim ficar com seus
exemplos, inclusive o da imortalidade, do que ficar a reviver a tragédia a que
foi levado pela precipitação humana.
Inclusive temos o dever de transmitir às
novas gerações a violência da malhação do Judas, prática destoante do perdão
recomendado pelo Mestre, verdadeiro absurdo mantido por mera tradição, também
incoerente com a prática espírita.
A mesma situação ocorre quando na
chamada quaresma de nossos irmãos católicos, espíritas ficam preocupados em
comer ou não comer carne, ou preocupados se isto pode ou não. Ora, ou somos
espíritas ou não somos! Compara-se isso a indagar se no Carnaval os Centros
devem ou não abrir as portas, em virtude do pesado clima que se
forma???!!!…
A Doutrina Espírita nada tem a ver com
isso. São práticas de outras religiões, que repetimos respeitamos muito, mas não
adotamos, sendo absolutamente incoerente com o espírita e prática dos Centros
Espíritas, qualquer influência que modifique sua programação ou proposta de
vida.
Esta abordagem está direcionada aos
espíritas. Se algum irmão católico nos ler, esperamos nos compreenda o objetivo
de argumentação da questão, internamente, para os próprios espíritas. Nada a
opor ou qualquer atitude de crítica a práticas que julgamos extremamente
importantes no entendimento católico e para as quais direcionamos nosso maior
respeito e apreço.
Vemos com ternura a dedicação e a
profunda fé católica que se mostram com toda sua força durante os feriados da
chamada Semana Santa e é claro, nas demais atividades brasileiras que o Catolic
ismo desenvolve.
O objetivo da abordagem é direcionado
aos espíritas que ainda guardam dúvidas sobre as três questões apresentadas no
início do artigo. O Espiritismo encara a chamada Sexta-feira Santa como uma
Sexta-feira normal, como todas as outras, embora reconhecendo a importância dela
para os católicos. Também indica que não há procedimento algum para os dias
desses feriados. E não há porque preocupar-se com o Senhor Morto, pois que Jesus
vive e trabalha em prol da Humanidade.
E aqui, transcrevemos trecho do capítulo
VIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, no subtítulo VERDADEIRA PUREZA, MÃOS
NÃO LAVADAS (página 117 – 107ª edição IDE):
“O objetivo da religião é conduzir o
homem a Deus; portanto, toda religião que não torna o homem melhor, não atinge
seu objetivo; (…) A crença na eficácia dos sinais exteriores é nula se não
impede que se cometam homicídios, adultérios, espoliações, calúnias e de fazer
mal ao próximo em que quer que seja. Ela faz supersticiosos, hipócritas e
fanáticos, mas não faz homens de bem. Não basta, pois, ter as aparências da
pureza, é preciso antes de tudo ter a pureza de coração”.
Não pensem os leitores que extraímos o
trecho pensando nas práticas católicas em questão. Não! Pensamos em nós mesmos,
os espíritas, que tantas vezes nos perdemos em ilusões, acreditando cegamente na
assistência dos espíritos benfeitores, mas agindo com hipocrisia, fanatismo e
pasmem, superstição…. Quando não conhecemos devidamente os objetivos da Doutrina
Espírita, que são, em última análise, a melhora moral do
homem.
Fonte: Sagrada Umbanda.
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