Chega mais um
dia de trabalho espiritual, os médiuns vão chegando e se arrumando, assim como
a Mãe-de-Santo que já tem tudo pronto, todos tomam seus lugares e dá-se início
a gira.
Os Orixás
chegam dançando, e dançando vão embora. Os Caboclos chegam dando seus gritos
característicos, logo dão início a prática da caridade.
Da
assistência sai uma senhora, é sua primeira vez na casa, direciona-se ao
Caboclo e conta o que lhe aflige, o Caboclo lhe receita um descarrego e ela
logo se dispõe a fazê-lo. A senhora espera o fim da sessão e vai falar com a
Mãe-de-Santo, que lhe indica o dia e horário para que o descarrego seja feito.
No dia
combinado e no horário também, a Mãe-de-Santo, um Cambone e um filho da casa
aguardam por vinte minutos até a chegada da senhora que inclusive reclama do
local onde parou o carro.
O
descarrego é preparado, usa-se vela, pólvora, pemba, todos ingredientes do
próprio terreiro, a senhora nada trouxe, tudo é feito conforme determinou o
Caboclo, encerrado tudo a senhora diz “Até logo” e sai, é daquelas que não vai
mais voltar, não agradeceu, não pagou e nem mesmo irá lembrar do rosto do
Caboclo que lhe ajudou quando seu martírio passar.
“— O
papel a mim confiado pelos Orixás foi feito, o dela, ela ainda irá descobrir”.
Diz a Mãe-de-Santo vendo o espanto de seus médiuns perante a situação.
Meu Axé a
todos, Salve a Umbanda! 17 / 06
/ 2002
Nosso irmão e colaborador do blog, Thiago Sá foi colunista do jornal por quase três anos e sua coluna, Quotidiano Umbandista descrevia situações corriqueiras ao dia a dia dos templos umbandistas. Sempre descritas como ficção.
O blog Aldeia do Sultão acha pertinente trazer de volta alguns do textos publicados ao invés de deixa-los guardados num arquivo de computador ou numa gaveta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário