domingo, setembro 08, 2013

Quotidiano Umbandista - Linha de Produção

 
É dia de uma das giras mais populares da Umbanda, há aqueles que a renegam e outros que só falam dela, a gira dos Exus, dos compadres, dos homens da encruzilhada e de suas companheiras de encruza, as Pombagiras.

Os trabalhos ainda não começaram, mas lá fora as pessoas lotam os bancos da assistência, vieram pedir, agradecer e observar essas entidades que tanto fazem sucesso, por seu comportamento, sua força e suas realizações.

Os trabalhos estão correndo normalmente, Ogum já abriu os caminhos e nada de ruim acontecerá, os Exus já estão em terra, fumam e bebem e se preparam para iniciar as consultas. Entre os freqüentadores estão alguns médiuns de outra casa, vieram especialmente para espiar. Um deles vai se consultar com um Exu, fala, ouve, e antes de ir embora toda a boa impressão que tivera do Exu cai por terra, o compadre lhe dá de beber, o médium já espera o sabor forte de pinga, mas se surpreende e se indigna ao perceber que o Exu bebe água quente. A bebida queimou sua garganta, mas não subiu para sua cabeça.

Na volta pra casa comenta revoltado com seus irmãos que jamais viu e não admite Exu que beba água, Exu bebe pinga, conhaque, whisky e de preferencia em grandes quantidades. - reclama o pobre médium.

Ora, penso eu, será que existe uma Maria só no mundo? E será que todas as Marias bebem café? Por que então todos os Exus devem ter o mesmo comportamento?

Não é todo Caboclo que grita, nem todo Preto-Velho é negro. Será que todas as entidades são iguais, mas com nomes diferentes?

Meu Axé a todos. Salve a Umbanda!                                      
                                                                                            Jornal Tambor - 06 / 07 / 2002

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