É dia de uma das giras mais
populares da Umbanda, há aqueles que a renegam e outros que só falam dela, a
gira dos Exus, dos compadres, dos homens da encruzilhada e de suas companheiras
de encruza, as Pombagiras.
Os trabalhos ainda não começaram,
mas lá fora as pessoas lotam os bancos da assistência, vieram pedir, agradecer
e observar essas entidades que tanto fazem sucesso, por seu comportamento, sua
força e suas realizações.
Os trabalhos estão correndo
normalmente, Ogum já abriu os caminhos e nada de ruim acontecerá, os Exus já
estão em terra, fumam e bebem e se preparam para iniciar as consultas. Entre os
freqüentadores estão alguns médiuns de outra casa, vieram especialmente para
espiar. Um deles vai se consultar com um Exu, fala, ouve, e antes de ir embora
toda a boa impressão que tivera do Exu cai por terra, o compadre lhe dá de
beber, o médium já espera o sabor forte de pinga, mas se surpreende e se
indigna ao perceber que o Exu bebe água quente. A bebida queimou sua garganta,
mas não subiu para sua cabeça.
Na volta pra casa comenta
revoltado com seus irmãos que jamais viu e não admite Exu que beba água, Exu
bebe pinga, conhaque, whisky e de preferencia em grandes quantidades. - reclama
o pobre médium.
Ora, penso eu, será que
existe uma Maria só no mundo? E será que todas as Marias bebem café? Por que
então todos os Exus devem ter o mesmo comportamento?
Não é todo Caboclo que
grita, nem todo Preto-Velho é negro. Será que todas as entidades são iguais,
mas com nomes diferentes?
Meu Axé a todos. Salve a
Umbanda!
Jornal Tambor - 06 / 07 / 2002
Nenhum comentário:
Postar um comentário