quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Mediunidade Umbandista - Parte 2



Vamos falar claramente sobre mediunidade?
 
1. A mediunidade é uma benção, uma misericórdia divina, uma ferramenta ou instrumento de comunicação entre o plano dos espíritos desencarnados e o dos espíritos encarnados (nós, os terráqueos).
2. É uma benção e uma misericórdia, pois ela é uma adaptação das faculdades, que nós mesmos perdemos a milhares de anos atrás, quando abusamos das leis universais. Nessa época tínhamos a faculdade da visão e audição direta com o plano espiritual e não precisávamos de intermediários para tal função. Sem entrar no detalhamento do motivo que levou a perda de tais faculdades, precisamos saber somente que, após perdê-las, o mundo espiritual proporcionou a humanidade essa possibilidade de contato, através dos canais mediúnicos. Determinadas modificações no psiquismo humano gerou a mediunidade.
3. A mediunidade é algo complexo, que envolve delicados fatores para a existência do processo de suas manifestações.
4. O primeiro deles é a necessidade da existência do psiquismo de um ser encarnado. Sem esse campo de atuação não existe mediunidade. Ou seja, sem o médium, não é possível a manifestação mediúnica de qualquer espécie. Parece uma coisa óbvia, mas parece que as pessoas esquecem dessa obviedade ao analisar, criticar e classificar um médium ou a mediunidade alheia.
5. A segunda é que, no caso da incorporação e discorreremos nesse artigo somente sobre este tipo de mediunidade, necessário se faz a existência de uma entidade espiritual, nesse caso, um ser totalmente a parte do médium. Temos, claramente, a interferência de uma individualidade em outra. Acontece que a entidade não entra no corpo do médium, nem tão pouco anula a individualidade que ocupa como muitos acreditam.
 
6. Se não existe anulação da individualidade do médium, queremos dizer com todas as letras que são raros médiuns inconscientes.
7. Afirmo isso, sem constrangimento nenhum, pois na acepção do conceito que se disseminou no mundo mediúnico é que na dita mediunidade inconsciente, não existe nenhuma interferência do médium, e a tão falada inconsciência ainda serve para credibilizar a manifestação mediúnica e por conseqüência o próprio médium.
8. Como não existe interferência, se o psiquismo e, portanto, a individualidade do aparelho mediúnico continua a existir e logo a se manifestar no laço médium e entidade espiritual?
 
9. Sim, é claro que evidentemente podem acontecer lapsos de memória, problemas de solução de continuidade, vazios, trechos sem definição clara, passagens desconexas e um despertar mediúnico com lembranças que mais parecem um sonho, que não se consegue recordar direito, no entanto, no exercício da mediunidade o psiquismo do médium está plenamente atuante. Afinal, a entidade precisa desse psiquismo ligado para poder atuar.
10. Em outras palavras e levando em consideração as devidas proporções, para você ler esse texto eu precisei de um software (psiquismo) chamado processador de texto, para que o computador (médium) conseguisse formatar este artigo e você (consulente) pudesse interagir comigo (entidade espiritual). Ora, eu somente pude formatar esse texto na forma, como você está lendo, com esse tipo e tamanho de fonte de letra, como essa cor etc., porque encontrei um processador de textos (psiquismo) que me permitiu fazê-lo. Um processador mais simples, talvez não me permitisse colorir o texto. Portanto, a capacidade e o conhecimento encontrado no psiquismo do médium é que possibilita à entidade a qualidade de sua manifestação.
 
11. Desenvolvimento mediúnico é nada mais, nada menos, do que proporcionar ao médium condições dele se tornar um fiel tradutor da manifestação das entidades que ele incorpora. O médium é um filtro para manifestação da entidade, quanto menos impurezas (interferências) este filtro tiver, mais fiel será a manifestação da entidade espiritual. A inconsciência, colocado sob este ponto de vista, é diretamente proporcional à capacidade de fidelização do médium para a comunicação do guia espiritual.
 
12. Outro fato, que muita gente esquece ou não percebe, é que a entidade não fala diretamente através do médium, já que não existe posse. A linguagem do espírito é o pensamento, logo a entidade transmite o seu pensamento para o psiquismo que está interagindo e o médium então catalisa essa informação e repassa para frente. Esse processo é ato contínuo e a catalisação seu principal segredo. Devemos lembrar sempre que a entidade depende do médium e de seu psiquismo e que também estamos falando de um processo sutil e delicado em que energias espirituais estão atuando como facilitadores para a prática mediúnica. Sim, próximo ou longe do seu aparelho mediúnico, a entidade realiza diversas ligações energéticas com o corpo espiritual do médium para poder tanto manifestar seus pensamentos, como para caracterizar sua personalidade espiritual.
 
13. Ao contrário do que todos pensam, o médium deve procurar estudar e ter conhecimentos suficientes para exercer a sua mediunidade, já que a entidade se utiliza desta cultura pré-existente no psiquismo do médium, inclusive dos arquivos inconscientes do mesmo (experiências vivenciadas em outras reencarnações) para formatar um diálogo fiel ao que deseja transmitir ao consulente. São evocados lembranças, conhecimento arquivados na memória, mas já esquecidos, enfim, uma gama de facilitadores que proporcionem uma sintonia fina entre entidade e médium.
14. Uma entidade espiritual, na maioria das vezes, está em um estágio evolutivo superior ao médium que incorpora se não for o caso, pelo menos está atuando em um plano menos limitador, que permite mais liberdade de ação e conhecimento. Construir uma ponte que facilite essa interação fiel, entre um psiquismo e outro é o desafio que a mediunidade impõe a ambos (médium e entidade). As dificuldades são enormes: individualidades e psiquismos diferentes, planos existenciais separados por uma barreira dimensional e distanciamento evolutivo são algumas dessas variáveis, que colaboram para transformar a mediunidade em um processo complexo, sutil e misterioso. Quanto mais potente, reforçado por conhecimentos e cultura for o psiquismo do médium, melhores serão as condições para se produzir interações de qualidade. Não é regra, mas tem seu peso e deve ser levado em consideração.
15. Ao falarmos em psiquismo, estamos usando outra forma de denominação, para o que comumente, se chama animismo. Animismo, na mediunidade é a participação da inteligência encarnada nas manifestações espirituais. Em outras palavras, é a contribuição do próprio médium no exercício da sua mediunidade. Considerado um estigma por muitos, e transformado ao extremo como mistificação, essa contribuição, como vimos é real e o espírito manifestante, precisa e faz pleno uso dessa faculdade ao qual, no meu entender, é mais bem conceituada com o termo psiquismo. Animismo/Psiquismo, não é crime de lesa mediunidade, é necessidade inerente ao processo de manifestação mediúnica. O psiquismo pode ser comparado ao períspirito da mediunidade, é a base com o qual a entidade trabalha para gerar a manifestação de seus pensamentos, desejos e vontades. É o meio que possibilita a expressão da entidade na matéria.
 
16. Um último fator que deve ser levado em conta é a famosa padronização dos processos de incorporação. Os espíritos que trabalham na corrente espiritual da Umbanda, se utilizam da roupagem fluídica de caboclos, preto-velhos e crianças, entre outros, não porque, necessariamente, um dia já foram índios, escravos e crianças, mas sim porque essas roupagens representam os arquétipos (modelos) para apresentação dos Mestres da Fortaleza (caboclos), da Pureza (crianças) e da Sabedoria (pretos-velhos). Exus/Pombas-gira, porque se faz necessário uma roupagem mais densa para cumprirem os seus papéis de agentes da justiça kármica e frenadores (repressores) de demandas e magias nos círculos espirituais em que atuam. Para se ter apenas uma idéia, todos os espíritos que se utilizam da roupagem fluídica de crianças são espíritos adultos, e que resolvem se manifestar como crianças, por terem afinidades com o trabalho e o modelo de Mestres da Pureza.
 
                                            *Fonte: Espiritualidade e Umbanda, por Caio de Omolu
 

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